Prisioneiras_ Minhas muitas vidas

Sabe aqueles dias em que te dá uma vontade incontrolável de mudar. Mudar tudo: desde o mundo à sua volta até a mais simples forma da folha cair da árvore. Vontade de fazer sabe-se lá o que e sentir prazer. Vontade de inovar, de modificar, de melhorar, de se aventurar, de viver.

Nasce uma coisa forte dentro da gente. Sei lá o que é. Deve ser o acúmulo de tanto viver e de tanto ver tanta coisa no mundo. Não sei direito. Somente sei que nessas ocasiões queria poder pular de paraquedas, dirigir em alta velocidade, dançar até meus pés doerem, escrever até me esvaziar, enfim, me derramar em ações porque, nesses momentos, quero viver intensamente. Parece até que no minuto seguinte a vida vai acabar.

Nessas horas sinto vontade de gritar, correr de encontro a tudo que quero, vontade de chorar, de sorrir, de amar, de destruir tudo que me faz mal, de construir, reconstruir, tudo ao mesmo tempo. É uma explosão de sentimento que me toma e me domina. Então, não sou mais eu (não do modo comum e desacelerado). Sou outra. Ousada, destemida e determinada.

Amos esses momentos. São únicos em sua potencialidade e diversidade explosiva de sentimento. São meus sentidos se inquietando, gritando, querendo agir, querendo mudar, melhorar. Dizem que a inquietação transforma. A mim ela quer transformar em minutos o que se mudaria em uma vida. Amo esses momentos: vejo muitas minhas vidas passando em inúmeras possibilidades em poucos minutos. Todas sou eu, ou ao menos, são todas que eu quero ser, todas que sou por dentro, querendo sair ao mesmo tempo, se rebelar e assumir meu controle. Mas minha vivência as aprisiona...

Marta Almeida
Enviado por Marta Almeida em 03/12/2013
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