VIAGEM PASSADA AO PRESENTE

VIAGEM PASSADA AO PRESENTE 131.113

Com agradável e inquestionável surpresa, a terça parte da última página da última edição do jornal "O DOURADO" abrigou uma mensagem incomum alusiva ao primeiro centenário da Companhia de Estrada de Ferro do Dourado - CEFD.

Coordenada pelo Sr. José Miguel Demeti (o estimado Déo), a Casa dos Papéis respondeu pelo teor ufanista da mensagem, prestando emérita homenagem à Estrada de Ferro, a seus Fundador e Diretores e, sobretudo, aos ferroviários, pelo transcurso de um século da data de sua inauguração, 1o. de dezembro de 1900, ainda que parte desse século seja preenchida pela saudade.

É verdade que hoje raríssimos são os ferroviários da CEFD que podem, em pessoa, narrar suas memórias, porém é muito fácil localizar um douradense que descenda ou seja parente de ferroviário. A alma ferroviária, então, está em quase todos os cantos da cidade!

Não por acaso, este escrevinhador é neto e sobrinho, respectivamente, de avô e tios ferroviários, além de ele mesmo, durante 25 anos, ter trabalhado em Empresa Ferroviária sucessora de nossa querida Estrada de Ferro do Dourado.

Tão certo, também, ainda não por acaso, partiu da Casa dos Papéis a homenagem em causa: documentos de fatos, fotos, objetos de época, livros e jornais contemporâneos e outros materiais típicos estruturam o acervo desta quase-biblioteca-museu, onde a principal força motora é a dedicação e a afeição que seu coordenador nutre pela história de Dourado. E disto não escapou a Estrada, a forma carinhosa como a chamavam as pessoas que nela trabalharam ou, por uma razão ou outra, a ela se referiam.

Um atual e velocíssimo meio de comunicação, a Internet, não faz por menos: contempla o pesquisador com história, fotos, dados estatísticos, personalidades importantes, mapas e outras curiosidades sobre a CEFD ao acessar a página cuja localização é dada por www.douradocidadeonline/2008/2009/cd-companhia-douradense-das-estradas-de-ferro/html. Desta página chega-se, também, à página www.dourado.sp.gov.br, que aborda temas como história, localização, fotos expressivas, informações socio-geográficas, economia, atrações e eventos, dados e informações políticos, todos temas relacionados à nossa Dourado.

Moldes tradicionais e modelos modernos, como se percebe, propõem o que de fato expande limites: a divulgação do Município que é o Centro de Gravidade (Geográfico) no Estado de São Paulo.Se tal localização lhe valeu o cognome afetivo de Cidade-Coração, nada mais justo do que ampliar o conteúdo desse coração.

Se mãos da iniciativa particular, há cem anos, nela fizeram nascer uma ferrovia - com extensão de 351 km de linhas, atingindo 35 cidades ou vilas desta região central do Estado, fazendo conexão com outras duas ferrovias, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro (CPEF) e a Estrada de Ferro Araraquara (EFA), e ainda tendo planos de conectar-se à Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (EFNOB) e à Estrada de Ferro Sorocabana (EFS), visando ter acesso ao Porto de Santos -, até hoje ainda se sobressai a importância econômica deste empreendimento: geração de empregos, criação simultânea de outras empresas para suprir suas necessidades, levando progresso aos pontos onde chegasse e, acima de tudo, cumprir sua missão básica de transportar passageiros e cargas em épocas nas quais ainda não eram desenvolvidos os meios rodoviários de transporte..

O tempo incumbiu-se de aprimorar este último meio de transporte e, em consequência, reduziu o nível das atividades ferroviárias, aumentando seus déficits. Disto, a tornar o transporte ferroviário economicamente inviável, nessa região do Estado, não demorou muito tempo. Encampada pela CPEF - Companhia Paulista de Estradas de Ferro (também empresa de iniciativa privada) apenas mais vinte anos se passaram para que fosse decretada em 1966 a erradicação de suas linhas, cessando em definitivo as atividades da ex-CEFD que nesta época já eram mínimas. Houve transferência de funcionários para outras cidades como São Carlos, Rio Claro e São Paulo. Dourado sentiu, nessa hora, as dores do afastamento de não poucos de seus filhos. A cidade minguou, porém sobreviveu com o surgimento e fortalecimento de outras atividades, ainda que a passos curtos.

A propósito, notícia que foi na primeira página da desta edição d'O DOURADO, e mesmo que seja de serviços, está nascendo nestas áureas paragens o Clube da Terceira Idade (ou da Melhor Idade, como já se conhece em outras cidades) e junto dele revigora-se certeza inconteste: o passado traz ao presente soluções que nem o futuro engenha!

Será uma estrada de ferro que conduz seus passageiros a estações as quais jamais eles supunham um dia poder conhecer: as venturas da ajuda mútua e ao próximo.