MENSALÃO – ATÉ TU, BRUTUS, MEU “AFILHADO”?

MENSALÃO – ATÉ TU, BRUTUS, MEU “AFILHADO”?

Agora avalio a opinião de alguns cientistas políticos e percebo que existe uma dúvida sobre as reais intenções do Ministro Presidente do STF ao mandar prender os mensaleiros justamente no feriado da Proclamação da República. Levantam os doutos cientistas a suspeita de que o ato talvez seja político e de autopromoção pessoal do Ministro para uma eventual candidatura dele à Presidência da República, não agora em 2014, mas nas eleições de 2018. Do meu modesto ponto de vista de cidadão acho que a desconfiança faz sentido e se for isto realmente, não veria esta atitude com bons olhos, posto que seria, pela natureza deste fato, mais um estelionato eleitoral, como tantos e tantos outros já ocorridos neste país. Mas que não venham os atuais detentores do Poder, se postarem de vítimas e fazerem suas lamentações moralistas e éticas, porque estariam apenas recebendo o troco, na mesma moeda, daquilo que eles mesmos praticam de forma contumaz e deslavada. É de todos sabidos que o poder EXECUTIVO no Brasil, historicamente se constitui, em última análise, no único Poder nesta falsa trilogia de três Poderes, junto aos outros dois, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO, com os quais deveria conviver harmônica e independentemente, segunda a teoria de Montesquieu cravada na CONSTITUIÇÃO FEDERAL. E entendo que esta superposição do Executivo sobre os outros dois vem ocorrendo ao longo do tempo porque é o Executivo quem, de forma quase absoluta se apossa da arrecadação tributária de toda a produção nacional e assim, tem a chave do cofre nas mãos. E uma vez de posse da grana, corrompe e coopta o Legislativo que seria o seu fiscal, esta realidade salta aos olhos do mais desatento cidadão minimante educado. Já em relação ao Poder Judiciário, que também acabaria sendo outro fiscal do executivo e um fiscal vigoroso na medida que pode apenar os membros dos outros dois Poderes, quando aplica a Lei, este também está sob o jugo do Executivo, por uma via transversa mas terrivelmente poderosa, qual seja: os Ministros e o Chefe da Corte Maior são indicados pelo Chefe do Executivo que, como já disse, já tem o Legislativo comendo na palma de suas mãos. Mas aí é que reside o perigo desta forma tricorrompida. Os indicados para o STF têm em suas mãos um Poder muito forte e que pode se voltar contra todo e qualquer cidadão ou ente político, inclusive contra seus indicadores para o cargo e, portanto, se os afilhados quiserem poderão trair os padrinhos a qualquer momento e por motivos que só eles poderão saber. Motivos esses que poderão bailar entre o sentimento ético e moral e mesmo um projeto pessoal de Poder. No caso deste triste mensalão articulado e engendrado pelo Executivo, por atores que nitidamente pretendem se perpetuarem no Poder, vimos alguns Ministros se postarem de forma independente, mesmo tendo sido indicados e nomeados pelo Chefe do Executivo, uns de forma branda e serena, outros de forma mais impetuosa, dentre eles o Ministro Joaquim Barbosa. Este fez valer de maneira pontuda, a tese da independência que teoricamente tem para agir. E agora, exatamente no dia da proclamação da República, num feriado e de forma apressada e não característica da Justiça, tradicionalmente com passadas de tartaruga, quando um mundão de brasileiros acorrem às praias e outras paragens de laser, os condenados são trancafiados. Pode ser um ato político partindo de dentro de um órgão que teoricamente seria avesso à atos eivados da pecha politiqueira? Só o tempo dirá. Mas sendo ou não sendo, não deixará de servir para que a Nação se conscientize de que esta geração de políticos que comanda o destino de todos, há séculos e sempre com os mesmos e centenários vícios e mazelas, precisa ser trocada com urgência urgentíssima. E pelo grau de podridão em que se acha a política brasileira, só um fato novo relevante, desencadearia esta mudança. Fato este que deu seus primeiros sintomas nas manifestações de junho e agora, sob outro ângulo e natureza, mais este intrigante e surpreendente cadeião para os mensaleiros no dia sagrado de uma República putrefata. Mas o irônico desta faceta é que quem indicou o Ministro algoz do mensalão, deve há muito tempo e não de agora, estar se sentido como o poderoso César, recebendo a última e mortal punhalada no peito e proferindo o famoso lamento de surpresa nas escadarias ensanguentadas do Senado Romano: Tu quoque, Brute, fili mi!

ARAKEN BRASILEIRO
Enviado por ARAKEN BRASILEIRO em 16/11/2013
Reeditado em 16/11/2013
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