CLASSE MÉDIA BRASILEIRA - TRANSFORMAÇÃO OU SUBLIMAÇÃO SOCIAL?
Em recentíssima pesquisa (Nov 2013) largamente divulgada na mídia foi noticiado que as populações das favelas do Brasil, hoje já são integrantes da CLASSE MÉDIA. Na matéria, afirmavam os divulgadores das pesquisas que a transformação dessas populações na privilegiada classe é porque, a maioria absoluta das casas e barracos visitadas, tinha TV a cabo, geladeiras, máquinas de lavar, rádios, sons, celulares, computadores, internet e toda uma parafernália caseira que antes era impensável encontrar nos morros e favelas.
E veio daí essa inevitável sublimação social.
E os entusiasmados divulgadores da boa nova, atribuíram tal fenômeno ao efetivo “ganho real do salário mínimo e a uma boa distribuição de rendas” que estaria ocorrendo nos últimos dez anos. (sempre nos últimos dez anos)
Entretanto, suscitaram estes fatos, algumas dúvidas: primeiramente, mesmo não sendo versado em sociologia, aprendi nos bancos das escolas, que a estratificação social e as definições de classes, A, B, C, D, E ou média, alta e baixa, não se faz considerando apenas os citados bens móveis ou o potencial financeiro individual e familiar, mas sim, todo um conjunto de valores outros, tais como, cultura e educação, níveis de aspiração, consciência político-social e também o fator econômico.
Achei estranho, mui estranho.
Mas não pára aí a estranheza.
Com efeito, simultaneamente, foi divulgado o valor médio da cesta básica em todo o país o qual gira em torno de R$400,00. (vejam bem, cesta básica).
Por outro lado, o valor do salário mínimo é hoje de R$678,00, pois não?
Pois bem; deduzindo o valor da cesta básica que se refere a simples ração mínima de sobrevivência para uma família, sobrariam então R$278,00 para cobrir as necessidades restantes, vestuário, contas de luz e água, moradia, operadora de TV a cabo, contas de telefones, saúde, lazer, previdência social, transporte, material escolar e etcétera e tal.
Posso estar enganado, mas uma simples visão aritmética aponta para a impossibilidade de que os bens adquiridos pela “new classe média das favelas” tenham sido adquiridos via distribuição de rendas e de um salário mínimo, até porque, esses novos componentes da classe média, exibem muito mais do que simples eletrodomésticos em suas casas e barracos. Andam, principalmente os jovens em sua maioria, com roupas de grife, tênis caríssimos e se esbaldam nos bailes funk e festas do play boy, bebendo comendo e fumando.
De onde sai o custeio? Certamente não é da distribuição de rendas e do poder de compra derivado do salário mínimo como afirmaram os divulgadores.
De onde sai? Mistério!
E mais, o que foi feito da antiga classe média, aquela que sempre foi responsável pela efetiva produção do país, suportando às demais classes, como um autêntico burro de carga?
Acabou ou se confundiu com a nova classe média sublimada?
Mistério!