O SOL NASCE PARA TODOS
Acho absurdas as pretensões matusalênicas e as fantasias da eterna juventude, mas saber que a expectativa de vida na Inglaterra em 1871 era de apenas 41 anos obriga-nos a saudar a evolução civilizatória. D.Pedro II era um ancião, de longas barbas brancas, faleceu em Paris aos 66 anos e o Marechal Deodoro da Fonseca, outro ancião, morreu pouco depois, aos 65 anos. A expectativa de vida no Brasil, felizmente, aumentou 30 anos, de 1970 a 2010. Estamos melhorando, mas é preciso pegar leve. Nunca tive a obsessão com o físico, com a saúde, embora tenha alguns cuidados básicos, porque não quero apressar a minha hora, mas confesso que cometo certos pecados. Recentemente, fiz um exame de sangue completo, sendo que me pediram algumas medições a que jamais me submetera: da vitamina B-12 e da vitamina D. No geral, meus exames deram bons, mas me surpreendi com minha penúria nestas vitaminas. O normal da B-12 é acima de 300 ng/L, o meu resultado foi 273 ng/L. Quanto à vitamina D, que somente o sol garante, o normal é entre 30 a 60 ng/mL, sendo considerada deficiente quantidade inferior a 10ng/mL: sou, portanto, um zumbi, um ser das sombras, pois o meu resultado foi de 7ng/mL, praticamente nunca tomo sol. No trabalho, fico o tempo todo em ambiente fechado, sem janela, e nos finais de semana raramente enfrento o incômodo do sol. O resultado está aí e vou ter de adotar providências para não acabar como Dom Pedro II ou Marechal Deodoro do século dezenove. Eles, ao menos, tinham boas desculpas.
Tenho certa inveja dos que vivem no ar puro, na vida em natureza, não é bem a minha praia. Sempre preferi o conforto da sombra e água fresca, com esportes só para apreciar. É claro, não vai ser agora que vou correr a Maratona de São Silvestre, meus planos não são tão ambiciosos, mas vou caminhar bem mais ao sol: longe de mim contribuir para a baixa da expectativa de vida no Brasil.