FEROMÔNIOS

Não sei até que ponto os feromônios atuam nos seres humanos, se é mito ou realidade. Na verdade, essa substância química explicaria atrações sexuais também entre nós, fato que comprometeria a velha história do conquistador “bom de papo”. Sempre me interessou esta coisa de “liga” entre homens e mulheres, isto é, as atrações quase instantâneas, que seguidamente acontecem, sem muito esforço ou maiores méritos. Aviso aos navegantes: a questão aqui não é amor, afinidade espiritual, almas gêmeas, companheirismo, mas pura e simplesmente sexo, atração animal - sem querer ser bruto na expressão. Talvez seja algo como, por exemplo, gostar de mocotó, de sushi ou de quiabo. Uns detestam, outros adoram. Eu, por exemplo, gosto das três coisas. Mas, em matéria de sexo, gosto só de mulher bonita, com todo respeito à diversidade. Na linha destas considerações, devo dizer, como depoimento honesto, que nunca tive muita sorte com mulheres genuinamente loiras, de olhos claros, uma pena. É como se eu gostasse de sushi e o sushi não gostasse muito de mim. Já desenvolvi várias reflexões sobre este tema, na tentativa de descobrir caminhos naturais para o paraíso, nos idos tempos, é claro, hoje, parece que o tema não combina muito com a faixa etária que já atingi. Que eu atingi não, que fui atingido.

Mas espero que estas confidências permaneçam apenas entre nós: não autorizo ninguém a divulgar tais intimidades numa eventual biografia, vocês sabem que sou pela autorização do biografado, prestigiando o direito constitucional à privacidade. Enfim, acho interessante mapear afinidades, idiossincrasias, tendências, encontros e desencontros, para melhor compreender alguns aspectos da nossa história pessoal e as possibilidades do amanhã. Afinal, quem dominar os segredos desta arte terá na palma da mão o caminho para as Índias. Sim, há poderosos feromônios que emanam de certos cartões de crédito, mas seria uma bobagem supervalorizar o materialismo cru. Minha irmã Ana Maria tem uma expressão muito usada em família: "é, mas não é tanto assim". A propósito, o rebu dos eventos noturnos costuma propiciar imagens até engraçadas. Já testemunhei situações em que os "donos" das mais abastadas mesas de pista ficaram na saudade, com suas musas arrebatadas por reles plebeus. A filosofia da noite, no fundo, não abraça o racionalismo, mas a empolgação, o prazer: os feromônios, enfim. Que cada um descubra seu caminho. Eu já cumpri minha jornada, mas "cachorro que come ovelha...".