Sábado
Sábado. Sabonete nas mãos, nas caixas. Lembranças
Sábado. Sanidade ilusória
Ansiedade trincando os dentes
Feridas estilhaçando a garganta
Engasgada
Silêncio inoportuno
Sábado. A escolha do sabonete mais cheiroso. Do abridor de bebidas mais estiloso. Vontade de se embriagar e esquecer a doce ira dos homens, a paixão incoerente dos homens, o cuidar pontiagudo dos homens. Pensar em qualquer homem adoece. Dói o peito, arranha os olhos. Aqueles atos nunca fazem um real sentido. É a essência do homem fazer pensar e fazer doer e fazer sangrar para depois tentar curar algo já crônico. O pensamento feminino é crônico. As marcas femininas são crônicas - às vezes cômicas.
Sábado. E quero
Encontrar algo que desmistifique. Que contradiga aquele castigo ao qual nos dizemos predestinados. Sem hipérboles, apenas acostumados.
Sábado. Esse dia já foi bem melhor. E o sabonete era neutro.