Sábado

Sábado. Sabonete nas mãos, nas caixas. Lembranças

Sábado. Sanidade ilusória

Ansiedade trincando os dentes

Feridas estilhaçando a garganta

Engasgada

Silêncio inoportuno

Sábado. A escolha do sabonete mais cheiroso. Do abridor de bebidas mais estiloso. Vontade de se embriagar e esquecer a doce ira dos homens, a paixão incoerente dos homens, o cuidar pontiagudo dos homens. Pensar em qualquer homem adoece. Dói o peito, arranha os olhos. Aqueles atos nunca fazem um real sentido. É a essência do homem fazer pensar e fazer doer e fazer sangrar para depois tentar curar algo já crônico. O pensamento feminino é crônico. As marcas femininas são crônicas - às vezes cômicas.

Sábado. E quero

Encontrar algo que desmistifique. Que contradiga aquele castigo ao qual nos dizemos predestinados. Sem hipérboles, apenas acostumados.

Sábado. Esse dia já foi bem melhor. E o sabonete era neutro.

Caio Márcio Rocha Coriolano
Enviado por Caio Márcio Rocha Coriolano em 21/10/2013
Código do texto: T4535990
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