A Escola Como Deveria Ser.
Que as escolas se parecem mais com os hospitais e presídios não há dúvidas. Vários corredores (ou becos) com portas viradas para outras ou para as próprias paredes. A maioria delas, com uma única pintura, normalmente com divisórias ( como se quisesse economizar tintas ). As janelas, nada mostram a não ser um pouco do reflexo da luz do sol ou quando o céu está nublado. Nesse último caso, só se percebe que está chovendo pelo barulho da chuva ou das goteiras caindo no chão. Se todas as escolas tivessem como administradores o Rubem Alves, a Emília Ferreiro, o Paulo Freire ( ah, se ainda estivesse vivo, quanta mudança estaria por vir! ) e os demais teóricos, estudiosos e educadores contemporâneos que compreendessem a realidade de hoje, tudo poderia ser tão diferente. Claro que se a educação fosse realmente uma prioridade do governo, a escola não seria nem uma escola, poderia muito bem ter outro nome. Algo parecido com lar ou casa, que fizesse as crianças se sentirem mesmo livres e mais crianças, porém tratadas como gente. Gente que pensa, age, ri, chora, tem sensibilidade e inteligência. Se esse novo modelo de escola ( ou lar ) fosse muito bem pensado, os índices de criminalidade e de problemas com drogas se tornariam muito menores, quase extintos.
Sim, teríamos regras, mas não seriam impostas como obrigações, que se não cumprissem receberiam castigos e punições. Não! As regras seriam respeitadas porque elas seriam aprendidas de forma espontânea pelas crianças. Saberiam, por meio do exemplo, regras básicas, como não jogar lixo no chão, respeitar os mais velhos ( não por ser os mais velhos, mas porque devem ser respeitados) assim como elas próprias ( crianças ) também devem ser respeitadas.
Dizer bom dia e obrigado seriam palavras mais fortes e sinceras. Hoje, essas palavras saem quase forçadas, como se tivessem que fazer um grande esforço para serem ditas. Pois, muitas vezes, ter um bom dia não não é tão comum. Para muitos, acordar cedo e ir para o trabalho sem ao menos tomar um bom café da manhã é um desafio, na verdade, uma grande tortura. Como acordar alegre e dizer um bom dia sem ao menos ter desfrutado um bom café da manhã, sem medos e preocupações de como será o resto do dia?
Com dizem por aí, '' bom dia é o caralho!''
Na escola só haveria duas regras a serem seguidas de forma rígida: é preciso aprender a hora de ouvir e falar. Se ninguém obedecesse na hora de ouvir, perderia a vez de falar. Pois como querer do outro atenção se nem nós mesmos damos essa oportunidade para quem precisa ser ouvido? É algo que tem que ser praticado, exercitado e aprendido desde cedo... Bom, o resto estava de 'boas''.
Os professores também teriam o seu dever de casa, deveriam se lembrar de como eram quando crianças. Isso deveria ser ensinado em toda faculdade e livros. É preciso ser criança para entendê-la e compreendê-la da forma que merece. Isso incluía dançar, cantar, pular, brincar... ser criativo! Pois, caso contrário, o que os professores poderiam ensinar de melhor para as crianças, sem perder a dignidade? O sofrimento da vida adulta?
Não! As crianças são novas demais para serem tão logo desiludidas. Ninguém quer ver alguém com a imaginação cortada, principalmente desde cedo. Precisarão dela quando crescerem. Deverão imaginar as coisas sempre se realizando para que tenha motivação para realizá-los, não importa o tempo que leve. Se não imaginam, se perdem no caminho, ficam dispersos até descobrirem algo que as impulsionem a seguir em frente, com a mesma confiança. Tirar a criatividade de uma criança e a sua imaginação é um pecado mortal.
Na escola, ninguém precisaria mais estudar o que não quisesse. Se a única coisa de que a criança gostasse fosse brincar, então que aprendesse brincando. Se tinham mais inclinação para a história, os alunos aprenderiam a contar histórias. Se para a matemática, aprenderiam a brincar com os números. Caso uma ou outra criança tivesse dificuldade, outros poderiam ajudar a não ficarem para trás.
A hora do lanche também seria muito mais divertida. Uma vez ou outras, crianças se revesariam na cozinha para preparar algo que gostassem. Afinal, quem não gostaria de aprender a fazer um brigadeiro?
Haveria também um lugar especial para a música. Poucos sabem disso ou parecem ignorar, mas a música quando tranquila e suave, pode condicionar a criança a comer mais devagar, seguindo o próprio ritmo da música. Todos os instrumentos estariam disponíveis, até mesmo a bateria. Pois se é um instrumento tão caro, porque não aproveitar os materiais como latinhas e plásticos jogados fora e criarem uma? Afinal, pra que serve o lixo reciclado?
Na escola também deveria ser proibido chamar atenção do aluno em voz alta. Ninguém precisa saber dos defeitos e da vida dos outros, basta apenas, saber das qualidades. Ninguém é perfeito!
Quem sabe, no futuro, quando não houver mais professores, cansados de serem humilhados e responsabilizados por tudo, esse modelo de escola ( ou lar ) se torne a ser pensado?
A vida é muito curta para ser um adulto sempre.