´´
Rubem Alves costuma dizer que a educação se divide em duas partes: uma das habilidades e outra das sensibilidades. E que sem a educação das sensibilidades, todas as habilidades são tolas e sem sentido. A verdade é que, nos meus tempos de escola, essa sensibilidade tendia a ficar sempre em segundo plano.
Felizmente, a educação não acontece só em uma instituição ou sala de quatro paredes. Ela acontece também em meio às relações sociais. Aprendi muito mais com a vida, sobretudo com os tropeços, do que em um espaço fechado. Conheci pessoas que despertaram em mim outros interesses. Aprendi a ouvir o que o professor não passava. Aprendi a ter contato com arte longe da escola. Pois o meu gosto sempre esteve fora dos padrões das instituições, ou melhor dizendo, do gosto popular da maioria dos professores.
Hoje me pego lembrando dos momentos que tive nos primeiros anos do ensino fundamental. Me espanto com a criatividade que surgia de forma muito mais espontânea e sem compromisso de agradar o outro. Escrevia coisas simples e que hoje me parece muito mais sem noção. Estórias com finais impossíveis de acontecer, mas que agora sinto inveja por não conseguir mais pensar da mesma maneira. Putz! Como sinto saudade desses tempos que nunca voltam. Por mais que ainda estejam presentes na minha mente.
Mas como disse antes, aprendi mais com os tropeços que a vida me deu. Pois, por incrível que pareça, saí do ensino médio para cursar Pedagogia. Talvez até para entender o meu ódio pelos professores antigos... Acabei aprendendo que lidar com a diversidade é bastante difícil e que fazer o diferente exige tempo e força de vontade. Realmente, senti na pele o sofrimento dos meus professores... Quem me dera continuar criança e nunca mais crescer para não conviver com as desilusões adultas!
Agora, além disso, me encontro com um caso muito maior pela música e talvez pela escrita, pois me pego escrevendo esse desabafo de forma quase totalmente espontânea como quando eu tinha treze anos de idade. Embora, com uma descrição maior da realidade que me encontro do que dos meus sonhos impossíveis e inocentes de criança. Infelizmente, ainda está pra surgir uma educação que valorize e desperte o interesse muito mais para a beleza da vida do que para a forma de se viver.´´