VESTIBULAR
Quando estava para fazer vestibular, fiquei em dúvida, como a maioria. Ao invés do Direito, para onde me dirigia, comecei a cogitar de Literatura, Filosofia ou Jornalismo. Aliás, muitos anos depois, aconteceu o mesmo com meus filhos. O mais velho, direcionado ao Direito, certo dia me disse que tinha dúvidas, porque, em verdade, o que gostava era de “mexer na terra”. Minha filha, às vésperas da opção para o Direito, inventou que pensava em cursar Farmácia. Disse a eles o que me disse o velho pai: na dúvida, faz Direito, que é um curso puxado e muito interessante, estuda, depois ganha o teu dinheiro e, a partir de certo ponto, escreve os teus textos ou desenvolve teus pensamentos filosóficos, mas com a vida material garantida, pois certas atividades são geralmente mais rentáveis que outras. Meu pai era médico, mas sempre se empolgou com as Ciências Jurídicas e só teria feito Medicina para agradar a mãe. É o que diz a lenda. Nem seus pais ou seus cinco irmãos foram advogados. Aliás, não havia parente próximo advogado. Hoje em dia, está mais complicado aconselhar, mas disse ao meu enteado recentemente que, na dúvida, ele deve considerar o Direito, no mínimo, para estar mais bem preparado para enfrentar concursos públicos.
É uma beleza quando a pessoa sabe o que quer, tem uma vocação definida, um talento específico, um sonho.
Acho que valeu o conselho paterno, assim como tenho certeza de que aconselhei corretamente os filhos, sem arrependimentos na área. É muito bom, mas não é obrigatório que o sujeito seja um apaixonado pela profissão; a gente deve é ter paixão pela vida, pelo trabalho que constrói e que nos exalta como pessoa. E não tem choro: é preciso ganhar a vida, deixar um legado, edificar o futuro. Portanto, a pessoa necessita escolher a maneira mais autêntica e inteligente de trilhar este caminho. Não adianta fugir. Quem não assume, só adia o início da boa luta. A Faculdade mais fácil pode significar apenas a desova de um mau profissional no mercado ou de pessoa insatisfeita na vida. Tem muito jovem escolhendo erroneamente, sem orientação adequada, perdendo tempo. Há outros, muitos outros, no entanto, que me encantam: vejam a procura por vagas na Medicina, as mais disputadas. E isto que ser médico é missão de sacrifício. Para os advogados o mercado está difícil, mas, se você não quiser advogar, faça um concurso público: um bom curso de Direito praticamente garante a conquista de vaga, mais cedo ou mais tarde.
Ninguém é obrigado a cursar Faculdade, mas aí tem de ter muita capacidade de trabalho e algum talento especial. Por sinal, há hoje em dia tantos cursos interessantes, que todo mundo tem de encontrar seu rumo, basta um pequeno esforço.