Reviver é preciso
No dia 28 de setembro de 2013, reuni em minha casa, parentes e amigos. Os primeiros são testemunhas do meu abençoado convívio familiar, alegrado por filhos, netos, nora e genros. Os demais compartilham a feliz união matrimonial, firmada por mim e minha adorável consorte.
Naquela oportunidade, comemoramos nossas Bodas de Ouro. Realizamos uma linda festa, na expressão dos amáveis convidados. Foram momentos de intensa alegria e descontração, nos quais não faltaram saborosa comida e farta bebida, preparadas por competente Buffet e servidas por atenciosos garçons. Um excelente tecladista animou o festivo ambiente, com músicas dos anos sessenta. Como corolário da comemoração, renovamos os nossos votos matrimoniais.
Foi uma festa inesquecível, registrada por centenas de fotografias que comporão nosso álbum de recordações. Enquanto vivermos, jamais esqueceremos a comemoração de nossas Bodas de Ouro. Com mais de setenta anos de idade, esperamos celebrar as nossas Bodas de Diamante e de Vinho, relativas aos sexagésimo e septuagésimo aniversário de nossa feliz união. Quanto às Bodas de Jequitibá (cem anos de casamento), já residindo nos páramos celestiais, comemoraremos junto ao Pai Celestial, a quem tudo devemos.
Peço vênia ao leitor, para transcrever a saudação que fiz à minha esposa, por ocasião das festividades comemorativas às nossas Bodas de Ouro. Eis o que lhe falei, em momento de grande regozijo:
"Neste instante de intensa felicidade, relembro o dia 31 de agosto de 1958, quando tive a suprema ventura de ouvir o sonoro “sim” que me concedeste, ao perguntar-te se me aceitarias como namorado. Naquela hora, senti-me verdadeiramente um príncipe. A partir de então, poderia propalar ao mundo ser o mais feliz dos mortais, ao lado da encantadora rainha, nascida em terras cearenses. Nem mesmo Iracema, decantada em prosa e verso, igualou-se a tua beleza, coroada de grandes virtudes. Eu tinha dezessete anos e tu, aos quinze, mal saída do casulo da tua existência, desabrochavas na linda flor que ornamentaria o meu singelo jardim.
O tempo passou. Foram cinco anos de ansiosa espera, até que, em dia como hoje, há cinquenta anos, nos unimos em feliz matrimônio. Naquela oportunidade, realizei o desejo de ser o teu príncipe consorte. Lembra-te desses singelos versos que te ofereci, no início de nosso idílio? Reviva-os:
No âmago do peito, sinto arder,
Uma paixão desnuda e forte,
Desejando um dia aparecer,
Em minha vida, tu, como consorte!
Desejo realizado. Felicidade alcançada. Nos três anos seguintes à nossa união, nosso amor foi confirmado com o nascimento das lindas crianças que concebemos, para alegrar os nossos dias de encantamento matrimonial. Antônio, o primogênito, Mércia e Márcia, aqui presentes, são dádivas divinas. Deles, recebemos, como prêmio, os queridos netinhos Natália, Davi, Raphael e Isabelle, pérolas de nossa coroa real.
A vida nos sorriu generosamente. A mim, fez-me vitorioso, premiando-me pelo ingente esforço para alcançar os degraus das escalas econômica e social. Contigo, ela foi mais generosa. Que vida a tua, vivida com a simplicidade das rainhas desprovidas de vaidade!
Muito jovem, ainda no alvorecer de tua existência, depois de conceber três filhos, de dispensar-lhes os maiores cuidados, resolveste ser médica. E o foste, a despeito do esforço para consegui-lo.
Doutora Matilde, pediatra e neonatologista de renomada experiência, mãe abnegada, avó carinhosa, sogra dedicada, esposa fiel, receba os mais efusivos parabéns por esta significativa data, o nosso feliz casamento. Sem ele, eu continuaria o plebeu que não lograria o êxito alcançado nesses maravilhosos anos em tua companhia. Também não seria feliz como príncipe, sem ter-te como rainha de minha vida. Olho-te, agora, e vejo-te mais bela, mais dedicada aos teus filhos e netos, aos teus genros e nora, e a mim, teu eterno apaixonado".