CONSTATAÇÃO
Acho que não sirvo pra você.
Nunca vou te levar a um mega-show da Banda Calypso, da Ivete Sangalo, do Luan Santana ou qualquer sertanejo; muito menos no Rock-in-Rio. O máximo que você pode esperar é uma apresentação minimalista da Roberta Sá, Mônica Salmaso, Leila Pinheiro ou algum mamute como eu, tipo Milton Nascimento, Carlinhos Lira, Menescal.
Acho que não sirvo pra você.
Nunca iremos a uma churrascaria rodízio nos entupirmos de fraldinha, maminha e cupim regadas a caipirinha e cerveja ouvindo o teclado de um “cover” do Frank Aguiar – “o cãozinho dos teclados”. O máximo que você pode esperar é um jantar à luz de velas acompanhado de um belo e honesto prosecco.
Acho que não sirvo pra você.
Se pensas em um domingo “entalado” de gente no piscinão e Ramos esquece; quero mesmo ir pra longe, Tambaba, por exemplo, na Paraíba onde poucos casais se bronzeiam” in natura”.
Acho que não sirvo pra você.
Rapel, Asa Delta, Paraquedismo, nem pensar, meu negócio é ouvir o som de uma cachoeira ou das ondas do mar e assistir o pôr-do-sol.
Acho que não sirvo pra você.
Jamais vou fazer como diz a música do Wando “te deitar no solo e te fazer mulher”; eu quero é muito carinho em uma cama macia, confortável e perfumada.
Acho que não sirvo pra você.
Você nunca vai me esperar no portão de nosso barraco de Madeirit às 6 da tarde de banho tomado e toda perfumada e me ver chegar trazendo uma baguete debaixo do braço e o jornal do dia que li na viagem do ônibus a caminho do nosso lar. Chegarei sempre inesperadamente como uma chuva de verão, e, assim como vim... irei embora.
Por tudo isso; acho que não sirvo pra você.