'' O Poeta É Um Fingidor''
Essa frase , apesar de ser do Fernando Pessoa, foi o Rubem Alves que me fez pensar no seu grande significado. Pois, não costumo ler poesias e nem tenho tanta familiaridade com seus autores. Meu caso de amor sempre foi com romances e crônicas, essas histórias longas que deixam a gente com medo de chegar ao final... Mas, voltando á frase, estava lendo uma crônica do Rubem Alves que ''brincava'' exatamente com essa frase do Pessoa, o que me deixou bastante curiosa e acabei me identificando, apesar de não escrever poesias.
A grande pergunta presente no texto é: eu sou o que escrevo? Confesso que apesar de escrever o que sinto e o que penso nos meus desabafos, não creio que ´´ sou o que escrevo exatamente´´. São coisas que ouço no dia a dia e me fazem pensar, mas não dá pra dizer que sou isso e aquilo. Posso parecer um ser politicamente correto, comunicativo e que não tem medo de dizer o que pensa nos meus textos. Mas por trás, sou muito menor que isso, falta-me sempre uma boa comunicação, as palavras quase não saem e fico chateada quando falo muito de mim. Pois sempre dá aquela impressão de que quem está ouvindo fica entediado.
Também conheço pessoas assim e também me veio a pergunta: será que são também o que escrevem? Essa frase não serviria também para as redes sociais? Seríamos todos hipócritas, apontando um pensamento e agindo de outra forma na maioria das vezes?
Uma coisa é certa: podemos falar da dor ou de uma alegria,que passamos, mas ela só é verdadeira quando estamos diante dela ( alegria ou tristeza). Não posso afirmar que sou contra o aborto se nunca passei pelas mesmas condições daquele que fez. Posso dizer que no momento estou contra o aborto. Ninguém é isso ou aquilo, está sendo. Entretanto, posso me sensibilizar com algo e dizer num texto o que sinto e o que senti no momento.
Confesso que sinto uma vontade tremenda de conhecer e poder falar com autores que admiro, mas e se eles não forem como descrevem? O Rubem Alves também afirmou isso em sua crônica ''Escrevo o que não sou''. Também conheci alguns pessoalmente e de outras formas além dos livros e não nego que o melhor conselho é não esperar alguém politicamente correto, um cavalheiro ou o que quer que pense depois de lê-lo.
Poucas pessoas são aquilo que escrevem. Na maioria das vezes, sempre há uma separação da arte do artista. Acontece também com a música. Admiro as músicas do Chico, Caetano e demais nomes consagrados da música brasileira e do mundo, mas nunca ganharam minha confiança nas entrevistas. Assim também acontece com a maioria das profissões. Por fora, educado e amigo, no trabalho, autoritário e arrogante. Se um dia alguém me encontrar por acaso sugiro não esquecer isso: nem todo mundo é o que escreve.