Desejos

“Não queimava, não siderava; sorria. Mal entendi, tonto que fui, esse sorriso.” Peço emprestadas ao mestre Drummond suas palavras, pois creio que elas descrevem bem meu estado. Mas diferente do apaixonado inocente, entendo “esse sorriso”. Parando um dia para refletir sobre tal trecho, percebi que tinha parado de pensar em algo. Você. E quando me recordei de ti sorri, e ao mesmo tempo me arrependi por ter te esquecido por alguns segundos. Ah, cérebro idiota. E ao voltar a sorrir e a pensar em você novamente, voltei ao meu estado natural. Entretanto a alegria que acabara de se manifestar em mim, quis ser substituída pela tristeza. Tristeza por não te ter comigo, aqui. Tristeza por saber que você não é minha. Tristeza por não acreditar que você também sorri quando se lembra de mim. Mesmo assim, pensar mais em você reativa meu sorriso. Percebo que assim como Gregório de Matos e sua mariposa, me machuco nesse amor não correspondido, mas aprendi que pior do que não ter você é ficar sem você. E então o desejo de tua presença se amplia em mim. Porque você não está aqui? Quero teu abraço, verdade seja dita, o melhor abraço do mundo. Quero entrelaçar minhas mãos com as tuas. Sentir teu cheiro, aquele só teu, aquele que adoro. Quero sentir o teu calor, teu corpo junto ao meu, sentir tua respiração. Olhar no fundo dos teus olhos e tocar meus lábios nos teus. Não precisa ser em um dia frio, não precisa ser na chuva. Pois o que vai fazer esse momento ser especial é a sua presença. Quero te chamar de minha pequena, dizer-te mais uma vez que te amo e que penso em você o dia todo. E admitir que sou teu, somente e totalmente teu. Mas então paro e vejo que tudo isso é ilusão. Talvez essa seja a palavra ideal para nomear o meu escrito. Se não achar um titulo melhor, talvez fique esse mesmo. Só espero que nesse tempo que perdi, minhas palavras, pelo menos, deem um bom texto.