Encontro

Nada lhe saía da boca. Tentava se lembrar de uma palavra, uma sílaba, uma letra que fosse. Mas nada saía. Não que ele estivesse achando isso ruim. Em uma de suas noites de insônia havia chegado à conclusão de que o melhor som existente era o silêncio. Penso se essa afirmação faz algum sentido. De qualquer forma, ele adorava aquilo. O diálogo “com os olhos” o mantinha entretido. E os olhos dela provocavam nele um sentimento único. Será que era assim que Bentinho se sentia quando admirava os olhos de Capitu? O fato era que os olhos da menina geravam um efeito impossível de ser superado. Errado. Porque como se tudo já não estivesse bom o suficiente, depois daquela conversa silenciosa, algo o tirou de seu estado comum. O sorriso dela. Peço desculpas ao leitor, mas não descreverei o sorriso da moça, tampouco o que ele causa no rapaz, pois seria uma tentativa frustrada de demonstrar a grandeza do mesmo. Só digo que naquele “comum” encontro, as horas haviam parado. Quem sabe até o Sr. Tempo teria se rendido àquela ocasião e desejara permanecer um pouco mais. Agradava assim ao jovem, que desejava que aquele simples, mas significativo momento, fosse eterno.