O TUDO E O NADA
José Ribeiro de Oliveira
Tudo que eu quero
É que o nada se esconda,
Se eu rogo que algo
Deva acontecer.
Ou, às vezes, que venha
Esse próprio nada.
Ao invés de um tudo
Que eu não quero ver.
Tudo ou nada se pode esperar,
E por fim, nem um deles nos aparecer
Porém, na ausência do tudo e do nada
A metade dos dois pode satisfazer
Mas o nada não é simplesmente um vazio
Do nada se parte pra ao tudo chegar
Nada há quem não tenha, na vida um sentido
Ou que tenha algo a prenunciar
Se tudo na vida existe um por que
Nada, portanto, podemos negar
Se de tudo na vida merecer registro
Se nada existir, há que se registrar
Muitas vezes o nada nos deixa contente
E o tudo traria imensa fadiga
Inspira-me o nada a fazer qualquer coisa
Mas o tudo me tolhe, me estressa, me intriga
Quando tudo que eu quero me vem ao alcance
É o nada que não me deixa preocupar
Presentes estando, o tudo e o nada
Ambos com seus papeis, ações e lugar
Há uma plenitude do nada e do tudo
Nada mais havendo do que reclamar
Se um dia na vida eu nada mais quiser
Certamente alcancei tudo que eu queria
Mas somente irei saber que tenho tudo
Quando nada que exista eu mais desejar
Mas no fio que une o nada e o tudo
Incessantemente vive a queimar
Começa queimando a partir do nada
Para só quando tudo conseguir queimar
E assim é o fio que representa a vida
Inicia sua queima bem logo ao nascer
Só quando queimar tudo terá seu final
Quando nada mias existir pra queimar
Pra mostrar que na vida, o tudo e o nada
Andam juntos e ocupa cada um seu lugar.