Déjà Vu
Mandaram-nos sonhar.
Mas não avisaram do tamanho do começo de cada sonho a todo dia.
Gastei quase cinco mil em um ano para sustentar o meu fumo.
Nicotina na bolsa de valores é ação recíproca, disso tenho esperança.
Camarada toma o dia para me convencer do semitismo.
Camarada: ouça só: cada fé tem a sua.
Quem garante que é o passo ortodoxo a caminho da felicidade?
Quem professa, confessa, esconde do santo, mela de pecado, e depois recorre ao diabo?
Casamento é somação, não é um bem; pois que bem é divisão, pois então; casamento é coração; pois senão: para um bem ou para não.
Quem decide é o coração, por quem bate; porque bate, assim sente;
Nas mãos de outros: a decisão? então o casamento será sempre mero furo na semente.
Apagaram que a esperança é um astronauta colorido
Que jamais sairá do plano.
Mandaram-nos sonhar e acordamos
Sobre as camas aparadas dormirão os pioneiros.
Disseram-nos amor em vinganças acolhidas, fizeram o favor de olhar por nossas sinas, puseram metria na espoleta da discórdia, misericórdia.
A minha profundidade é um calabouço esgotado,
Quero refazer os dias, preciso de um novo diploma.
Descansarei na ala dos desfigurados à luz das possibilidades
Até que me folgue um ordenado bruto.
Acreditei que seria sonho,
Estou aqui sem parte alguma a recontar o meu caminho,
Feito linha de tanta gente, feito o ponto assim presente,
Na falta que a gente faz, na calça que ninguém usa, na blusa que não se bota, na bota que alguém calça,
Feito assim
Feito em sonho a ser perfeito
E é confuso a não ter fim.