Desconcentração
Sabia que tinha anjos espalhados pelo quarto. Queria ser logo um.
Tamanha bondade que trazia em si. Bondade. Às vezes ciúmes. Faltava coragem para gritar um palavrão. Engolia. A revolta dissolvia-se em choro. Uma, duas ou três lágrimas todos os dias antes de dormir. De saudade? De mistério.
Tinha vários porta-tudo no quarto: segredos.
Lia e relia cartas, e-mails, imagens, gestos passados, sonhos passados.. Em meio ao caos, sentimentos antigos eram questionados. Doía revivê-los.
Tinha, antes, espinhas no rosto. Agora: certezas e incertezas.
Tinha, antes, mulheres virtuais ou de papel. Agora: uma de verdade, com desejos sinceros, sentimentos, ânsia, sonhos...
Do outro lado da cidade
Cenas de amor eram vistas a olhos d'água.
Chicletes mascados por impaciência
Desconcentração
O celular não vibra mais como antes
Nada é mais como antes
Nem a poupança
Sabia que tinha sonhos espalhados no quarto. Queria ser logo um.
Tamanha força de vontade que trazia em si. Força de vontade. Às vezes ciúmes. Faltava coragem para dizer como andava por dentro...