Desconcentração

Sabia que tinha anjos espalhados pelo quarto. Queria ser logo um.

Tamanha bondade que trazia em si. Bondade. Às vezes ciúmes. Faltava coragem para gritar um palavrão. Engolia. A revolta dissolvia-se em choro. Uma, duas ou três lágrimas todos os dias antes de dormir. De saudade? De mistério.

Tinha vários porta-tudo no quarto: segredos.

Lia e relia cartas, e-mails, imagens, gestos passados, sonhos passados.. Em meio ao caos, sentimentos antigos eram questionados. Doía revivê-los.

Tinha, antes, espinhas no rosto. Agora: certezas e incertezas.

Tinha, antes, mulheres virtuais ou de papel. Agora: uma de verdade, com desejos sinceros, sentimentos, ânsia, sonhos...

Do outro lado da cidade

Cenas de amor eram vistas a olhos d'água.

Chicletes mascados por impaciência

Desconcentração

O celular não vibra mais como antes

Nada é mais como antes

Nem a poupança

Sabia que tinha sonhos espalhados no quarto. Queria ser logo um.

Tamanha força de vontade que trazia em si. Força de vontade. Às vezes ciúmes. Faltava coragem para dizer como andava por dentro...

Caio Márcio Rocha Coriolano
Enviado por Caio Márcio Rocha Coriolano em 23/07/2013
Reeditado em 23/07/2013
Código do texto: T4401382
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