UM TRÂNSITO INFERNAL
Gente andava apressados, aguardavam o semáforo as luzes acender, liberando a passagem, transeuntes corriam rápido, pra chegar do outro lado, um congestionamento terrível, um trânsito que andava lento, motoristas estressados, palavrões pra todo lados, difícil entender esta gente entediada, indo aos abraços da morte, desfazendo-se da sorte se apressando pra morrer.
Em meio a este tumulto um fato interessante vinha acontecer, enquanto estes seres humanos se gradeavam e se apegavam em brigas de mal querência, de posse de suas máquinas valentes e assassinas, dos escapamento a fumaça fazendo poluição os barulhos ensurdecias de altas acelerações, um pobre cão vira lata cruzava na contra mão, tão inocente precavido arriscava sua vida atravessando pelo chão, buscava o outro lado da via, em meio a confusão, mas o cãozinho danado não se dava conta de nada, do perigo que ocorria, e no outro lado da rua, em triunfo e alegria, sua vida foi salvar.
Motores aceleravam, buzinas gritando em berros, motoristas falavam alto, exaltando estressados, alguns com revolver nas mãos dirigiam a outrem palavras de baixo calão, dizia que o fulano teria que ias levar ferro, gesticulavam mostrando dedos, dizendo imoralidades, e que o motorista do lado, fosse tomar no cu, pedindo que sigam a diante, o motorista da frente, resvalou o para choque, amassando o carro azul.
Tinha um cara corintiano com um feio chapéu de pano, com a estampa do timão, sujeito mal educado ameaçava todo mundo com dois porretes nas mãos, nos comandos de um carro todo velho e enferrujado do modelo corcel dois dos anos oitenta e um, em meio as desavenças queria porque queria ultrapassar a camionete, este fraco ignorante motorista incompetente, ainda não se dava conta de sua fraca potência.
No cantinho ali do lado onde há lugarzinho próprio para estacionar, o cãozinho ali estava são e salvo do tumulto, enquanto estes humanos em momento enraivecido disputavam e insistiam querendo abrir caminho neste trânsito esquisito, assim por toda forma apressando pra chegar, mas o cãozinho cauteloso atravessou a viela e lá na outra calçada, matando a sua fome, roendo um belo osso, tranqüilo e bem folgado, que um senhor muito bondoso lhe deu porque sobrou do restaurante do lado.
Agora a paz já reinou, as ruas silenciaram só restaram as luzes acesas, já são mais de meia noite, as vias estão vazias, mas o as cores do semáforos não param de piscar, vai até o outro dia aguardando iniciar novo dia começar e o cãozinho vira lata atravessou a avenida sem barulhos de buzinas nem carros acelerar.
Ali naquela marquise aos braços de seu amigo catador de velhos papéis, acomoda bem quentinho e no outro dia cedinho do sono se despertar, e estes monstros de latas se põem novamente às ruas, correndo cantando pneus, no asfalto a trafegar, palco da desarmonia brigando até se matando, esquecendo do amor, que ao próximo hão de se dar, astutos passando à frente, cheios de preconceitos, se achando absoluto, proprietário do lugar.
(Antonio Herrero Portilho)