Eu limito a minha espera

É difícil quando a gente camufla o que o outro deixa de nos dar. Não adianta colorir flores na falta de atitude ou na falta de jeito. Não vale a pena. Quer dizer então que eu devo deixar a minha vida passar até que ele se decida se deve ou não arriscar? Eu devo deixar a minha vida escorrer por entre os dedos por causa da insegurança dele? Devo parar o meu mundo na esperança de que o dele se encontre ao meu? O que eu ganho com isso? Me diz? A vida vai passando, os dias vão deixando de ser vividos e o que isso muda? Não consigo esperar. Não consigo acreditar em transformações se o outro aceita bem a comodidade de não sair do lugar. É verdade, a paixão adentra e o juízo vai embora, mas o amor próprio permanece e desse a gente não abre mão. Chega. Existe limites para gostar. Eu já saí muito antes da história terminar por medo de ferir quem me fazia bem, porque das minhas dores eu dou conta, mas machucar quem... me acrescenta me destrói. Saio antes das cortinas se fecharem sem pensar duas vezes. Se quer pensar que foi falta de coragem, que pense. Mas foi proteção. Quando eu amo, amo intensamente e não me permito ferir quem de alguma maneira dividiu o seu chão comigo. É por isso que faço valer os trezentos e sessenta e cinco dias do ano. Não me boicoto. Não deixo os pontos passarem. Não deixo a história congelar. Eu continuo escrevendo. Continuo desenhando. Continuo contando com as surpresas que a vida coloca e às vezes não percebemos diante da expectativa que criamos em cima de filme que não rende enredo. Chega. Se fechar do mundo real para dar conta da fantasia alheia é demais. A gente precisa seguir. Precisa arriscar. Me perdoa, mas não ralei o meu joelho a toa. Me esfolei na arte de fazer o meu mundo acontecer."

Marcely Pieroni Gastaldi
Enviado por Marcely Pieroni Gastaldi em 11/07/2013
Código do texto: T4382003
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