REVOLUÇÃO

Devo começar assinalando que sou contra o vandalismo que habitualmente floresce nos grandes movimentos sociais. Sem qualquer pretensão de justificar, quero dizer que certa dose de agressividade é o que assusta, sensibiliza e movimenta as elites; ademais, a polícia, com seus elementos à paisana, costuma, não raro, extravasar, tomando atitudes de provocação. Isto é uma coisa, outra é assistir a exaltados ou marginais saquearem lojas, destruírem agências bancárias, jogarem pedras, atearam fogo a prédios públicos ou particulares, sem levarem o merecido cacete, como a gente levava gratuitamente nos tempos não democráticos, pela mera passeata ou pelo simples discurso. É que os movimentos sociais, sobretudo aqueles poderosos e imprevistos pelos governos, trazem em seu bojo muitas contradições e dilemas. É o preço que todos pagam pela irresponsabilidade pública, pelos maus políticos, pelos partidos fisiológicos e divorciados da realidade e da dinâmica social. A verdade é que estamos vivendo uma revolução moderna, suprapartidária, absolutamente espontânea, com respaldo nas redes sociais e no sentimento generalizado de exaustão e desânimo com o Brasil chapa branca, que se percebe devorado por grupos de interesse, sem qualquer cheiro de povo. Acaba de iniciar um novo tempo, acreditem. Por aqui, com muito frio e chuva.