33- CRONICANDO: O PÉ DE CACHIMBO DOS MEUS SOBRINHOS (Família)
O PÉ DE CACHIMBO DOS MEUS SOBRINHOS (Família)
Confesso que estou meio desconfiado. Algo não me cheira bem (no bom sentido). Acredito que isso tenha algo a ver com alguma das profecias de Antonio Conselheiro sobre o fim dos tempo. Como descobri? Chamei meus sobrinhos para brincar de roda.
Vamos, gritou Mikhail com Anita e Ernesto. "Bora cantar a do pé de cachimbo," disse eu.
- Qual tio?
-Aquela: hoje é domingo, pé de cachimbo, o cachimbo é de ouro...
-Não tio, gritou Ernesto, não é pé de cachimbo. É pede cachimbo. Do verbo pedir. O senhor já viu um pé de cachimbo por ai alguma vez foi?
-Não.
-Então! Replica Anita. Outra coisa quando cantamos costumamos substituir o cachimbo de ouro pelo cachimbo de barro.
-Mas por quê? Perguntei.
- Porque o cachimbo de ouro era usado pelo sinhozinho, o de barro pelo negro escravo, entendeu? Como um negro escravo iria ter um cachimbo de ouro?
Curioso continuei -E o jarro nessa história?
-Bem, tanto o jarro quanto o sino de ouro são símbolos religiosos, um, das religiões afro e o outro da católica, por isso o ouro.
-E o touro?
- É o Estado! Que provocado pelo sino de ouro joga todo o seu autoritarismo no povo que é fraco e que cai no buraco; o buraco é o tal sistema capitalista.
Mikhail completa - Que por ser fundo engole todo o povo.
- E por que o mundo acaba?
Ainda Mikhail- E o senhor já idealizou o mundo sem povo? Sem a plebe, sem os assalariados e sem os miseráveis para vender ou trocar a sua força de trabalho por um pedaço de pão ou um prato de sopa?
-Não!
-Então, sem o povo o mundo cai no buraco sem fundo, entendeu?
-Sim, sim... Entendi. Agora vamos lanchar que já está na hora.
(Esses são os meu sobrinhos!)