Escolhi o caminho mais difícil
Nunca tive medo de lidar com a dor. Aprendi cedo que era importante entender o porquê de tudo aquilo. Não fugia. Não me escondia. Optava sempre por viver a confusão toda, chorar tudo o que fosse preciso e depois seguia adiante. Não tinha pressa. Não ficava juntando as bagagens pesadas, não escondia nada embaixo do tapete. Nunca achei errado chorar ou ficar chateada por uns dias quando a vida dava alguma rasteira, ao contrário, errado era fingir que estava tudo bem, passar uma maquiagem bonita naquela algazarra toda e seguir adiando o ponto final. Errado era não aceitar que às vezes é preciso parar e começar tudo outra vez, porque não seremos cem por cento felizes em nossas escolhas. Tenho preguiça de quem camufla a dor, de quem foge daquilo que incomoda só para se fazer de forte, de invencível. Quer enganar a quem? Temos um coração que espera muito do meio em que vive, um coração que se alimenta de verdades construídas pelo caminho, não dá para viver uma vida cor de rosa sem tropeçar. Os obstáculos aparecem justamente para nos fazerem crescer, nos tornar aptos a lidar com o mundo maluco que nos cerca e a dor é inevitável. Fugir dela não resolve nada. Só tapa o sol com a peneira. Só adia a queda da frustração. A gente não escapa dos fantasmas dos sentimentos mal resolvidos, uma hora ou outra a vida te obriga a lidar com todos eles, bem alinhados ou não. Esteja você pronto ou não. Não dá para prever o estrago. Não dá para estipular em quanto tempo estaremos novos outra vez... As feridas cicatrizam com o tempo, com os esforços que fazemos para compreender a razão de tudo aquilo. Sendo assim, intensifique a solução. Nunca a causa. E aprenda: quem foge uma vez, foge sempre e não tem direito nenhum de reclamar quando o baú de pesadelos escondidos voltar a assombrar.
[Marcely Pieroni Gastaldi]