Eu sou o mais importante!
Numa entrevista ao apresentador Marcelo Tas, Paulo coelho declarou ser o intelectual mais importante do Brasil. Isso mesmo, disse com todas as letras: " Sou o intelectual mais importante do Brasil..." Quase caí de costas! E como se não bastasse, confirmou que já dissera isso em outras duas ocasiões. De pronto o entrevistador peguntou:
- Se você é o primeiro, quem é o segundo?
Em meio a um ligeiro desconforto e com um sorrisinho sem graça, Paulo Coelho disse que é o Fernando Henrique - o mesmo Fernando Henrique, que ele classifica como amigo... Ouvi aquilo tudo e não acreditando, revi a entrevista. Depois de um certo tempo, pasmo ainda, fiquei a pensar o que levaria alguém a esse desvario. E pensando, quase que estantaneamente, voltei à infância, lá no interior de Minas junto aos rios, aos campos de futebol, aos quintais... um mundo de inocência e mansidão. Moleque é um bicho danado e não é de hoje. Naqueles tempos, tínhamos a mania de disputar um monte de coisas e as mais bizarras possíveis. Nas beiras dos rios, disputávamos quem cuspia mais longe. Em meio a uma algazarra sem conta, depois de duas ou três tentativas de cada um e muita discussão, eram definidos os primeiros lugares. Outra disputa interessante, era a do mijo - geralmente à noite, por motivos óbvios. Quatro ou cinco garotos lado a lado e ocupando quase toda a rua, saíam - depois do tradicional "um... dois... três e já..."- andando e mijando, para ver quem conseguia ir mais longe, mijando.
Depois da confirmação do ganhador, a gente ria muito e comemorava o mijo! Nessas competições, chegava-se ao ponto de competir tamanho de pinto. Isso mesmo, um desfile para apurar quem tinha o pinto maior ( nesses tempos, nesse nosso mundo, ainda não existia pênis...). E novamente a risadaria, após a apuração dos resultados.
Depois de tudo, era legal ver a cara de satisfação do vencedor: um verdadeiro pavão! " O mais importante de todos..."
Esse tempo lindo e juvenil já vai longe... todos, na época, com idade entre 10 e 14 anos.
E agora, nesses tempos tão modernos, pensando na declaração do nosso escritor, vejo que eu também já me senti assim, "o mais importante de todos..." Uma vez, nessas nossas disputas - ao menos uma vez -, consegui ganhar a competição do mijo.