LIVRE-SE DAS PAIXÕES

Um dia, num lugar, numa hora, alguém me disse isso.

Confesso que, de imediato, não relacionei os sentidos

todos que tal frase poderia dar a entender. No entanto,

com o tempo fui percebendo o que queria dizer.

Óbvio que não dizia respeito ao amor, em si. Referia-se

ao sentido pleno da palavra. E um desses sentidos que

mais me chamou atenção foi o fanatismo. De qualquer

espécie. Futebol, religião, política, preferência sexual, raça,

e o principal deles, o preconceito.

O fanatismo preconceituoso, que pasteuriza opiniões, é,

de longe o mais cruel deles. Isso porque as pessoas

simplesmente apagam da consciência o que não querem

ou não gostam de ouvir. E, pior, abominam todos aqueles

que pensam diferentemente de si.

Então, se determinado indivíduo resolve, por exemplo,

abandonar a religião que foi imposta pelos pais ou parentes

(jamais escolhida por ele enquanto criança) e resolve ser

ateu, imediatamente todos os maledicentes voltam-se

contra ele. Ninguém respeita seu novo modo de pensar.

Ou dizem que respeitam mas o isolam.

Assim também funciona com o fanatismo ideológico, que me parece

ainda pior. Pior porque os seres humanos, líderes ou não, parecem

hipnotizados por alguma causa e vão por ela, até as últimas

consequências. Estamos à beira de mais uma guerra. Se acontecer,

certamente será a última.

A questão de casamento gay e demais assuntos relacionados não

deixa de ser um fanatismo de uma minoria e, sem dúvida mesmo,

a maior expressão de preconceito. Não da maioria contra a minoria.

Mas exatamente o oposto.

Dessa maneira, a paixão desenfreada nos moldes a que me referi,

tem mostrado a cara desse abominável mundo novo.

Pessoas desconcertadas, mal instruídas, de formação moral

repugnante, sem respeito por nada, que, de posse de armas,

entram em escolas e assassinam crianças indefesas ou, pior,

miram seus mísseis nucleares nas nossas casas.

A paixão desenfreada pelo dinheiro e poder mostra sua perniciosidade

e expõe vergonhosamente uma Europa caída, sem dinheiro e sem

emprego para os seus filhos. Uma África cheia de diamantes, petróleo e milhões,milhões sem ter o que comer...

A paixão pela vida virou paixão pela morte.

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 09/04/2013
Código do texto: T4230999
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