Um homem na praça
Um homem sentado no banco da praça olhava absorto o movimento da rua. Haviam crianças que brincavam sorrindo. Haviam homens e mulheres alegres, sedentos de vida. Sorrisos, palavras e gestos diversos. Alguns taciturnos, outros eufóricos e outros, apenas vendo a vida passar. Imagina as lutas travadas, seus males e júbilos e vê o suor escorrendo em seus rostos. São tantos os rostos, que o homem se perde nos olhos dos outros. Percebe o sol iluminando os seus olhos e esboça um brilho doce no olhar. Agora os olhos são olhos de homem, olhos que veem a vida passar.
Um homem sentado no banco da praça imagina um olhar tocando os seus olhos, imagina uma vida enroscada na sua, imagina um brilho maior no olhar. Não há tristeza nos olhos do homem, seus olhos apenas expressam as vidas que vê por ele passar. E há um brilho nos olhos do homem. Seus olhos serenos fitam meus olhos e eu me vejo nos olhos profundos do homem. Agora são meus os olhos que olham. Sou eu ali sentada também. Sou eu mergulhada nos olhos dos outros. Sou eu mergulhada nos olhos de mim. São olhos de homem... São meus, os seus olhos.