Brasil de ontem e de hoje II
Recentemente, reli algumas de minhas crônicas e resolvi reescrever o presente texto, produzido em 20.04.2011, adaptando-o às circunstâncias atuais. Após fazê-lo, com pequenas alterações, conclui que nada mudou na administração do Brasil, entre os anos de 2011 e 2013.
Após as eleições de 2010, recolhi-me a merecido ócio literário. Reduzi o ímpeto de minha frágil pena, implacável enquanto me dispus a comentar sobre os malfeitos petistas e de seus aloprados seguidores. Antes e durante o período eleitoral, debrucei-me sobre os acontecimentos políticos, econômicos e administrativos que assolam o Brasil, afligido, ainda hoje, pelos mesmos problemas. Meu desiderato foi oferecer ao eleitor esclarecido a oportunidade de refletir sobre alguns aspectos da administração pública, nos últimos anos de governo petista.
Infelizmente, não logrei êxito em minha intenção de mostrar ao povo a fragilidade de nosso desenvolvimento econômico. Também não consegui alertá-lo sobre os erros cometidos por Lula e seus sequazes seguidores. Igualmente, foi-me impossível clarear suas ideias, impregnadas do falso argumento de que o Brasil atual é obra dos governos de Luiz Inácio e de Dilma Rousseff.
Minhas insistentes observações foram insuficientes para demonstrar que o país, atualmente, não se encontra tão bem como dizem os que tentam encobrir a verdade. Em sua corrida para o futuro, existem obstáculos difíceis de transpor. Muitos, por sinal. Os falsos argumentos do governo foram ouvidos. Os meus não. Eles venceram. Eu perdi. O Brasil perdeu.
No passado, o cálamo dos sábios foi valioso instrumento de perpetuação da memória histórica da humanidade. Ainda hoje, a pena do justo verbera sem medo ao acusar os infratores da moralidade. A pena do sábio é, sim, preciosa. E continuará assim, na tentativa de alterar a opinião de renitentes eleitores, despolitizados e desmemoriados.
Não sou sábio. Longe disso. Reputo-me como intransigente observador, que não faz exceção aos erros de quem quer que seja. Muito menos se são cometidos por políticos aproveitadores da ingenuidade do eleitor sem escolaridade suficiente para distinguir o saudável do podre.
O país governado por Lula e agora por Dilma Rousseff, totalizando dez anos de administração coroada de bravatas, é o gigante que despertou do sono acalentado em seu berço esplêndido. A partir do governo de Itamar Franco, seguido pelos períodos presididos por Fernando Henrique, acordou de sua sonolência crônica, bateu a poeira, e partiu para encontrar-se com o desenvolvimento, proporcionado pelas privatizações, principalmente do setor de telefonia. Seguia o rumo para outras jornadas vitoriosas, quando foi entregue a mensaleiros, aloprados e apaniguados políticos, que hoje o sugam vorazmente.
Decorridos mais de dois anos do governo Dilma Rousseff, senti uma coceira danada na garganta, desejando gritar, alto e bom som, sobre o que tanto molesta este país. Opto pela escrita, com a mesma impetuosidade do passado. Não poderei calar-me diante de “tudo isso que está aí”: corrupção ascendente; inflação em alta; gastos governamentais excessivos; trânsito caótico nas grandes cidades; saúde precária nos hospitais públicos; educação sem méritos; insegurança do cidadão; infraestrutura próxima de iminente colapso operacional, destacando-se a dos aeroportos, portos, rodovias... Tudo. Ou quase tudo!
A dívida pública está nas alturas. O país deve mais de dois trilhões de reais, embora o governo passado tenha alardeado o pagamento da dívida externa. Não disse, porém, que o fez em detrimento da dívida interna. Extinguiu ou reduziu uma, e aumentou vertiginosamente a outra. É como se alguém retirasse dinheiro de um banco para pagar a outro; a dívida continuaria a mesma. No caso do Brasil, em maior escala.
Lula deixou de “herança maldita” para sua sucessora, noventa bilhões de reais em Restos a Pagar do último exercício do seu longo governo, afora outra montanha de dívidas de períodos anteriores a 2010.
A Copa do Mundo vem aí. Com ela, graves problemas e a vergonha que passaremos diante do turista estrangeiro. As calçadas das cidades estão esburacadas; as ruas sujas; os transportes coletivos caindo aos pedaços, os táxis insuficientes para atender a demanda; o sistema metroviário de pouca expressão; hotéis incapazes de suportar o grande número de hóspedes; enfim, o caos que Lula deixou de herança, como opróbrio nacional.
O turista que desejar conhecer algum museu brasileiro terá poucas escolhas. Em Brasília, visitará o Memorial JK e a Casa do Violeiro; em Recife, os Museus do Frevo, de Luiz Gonzaga e de Mestre Vitalino, onde conhecerá os bonecos que rivalizam com os milhares de personagens elaborados em terracota, conhecidos por Dilma em sua viagem à China; em Fortaleza, se deleitará com o Museu da Cachaça, em Maranguape.
E as Olimpíadas de 2016? Bem, disso, falarei em outra oportunidade.