QUANDO O AMANHÃ CHEGAR

QUANDO O AMANHÃ CHEGAR

E de repente você acorda, e num susto bom, percebe que o amanhã chegou antecipado trazendo na mala tudo que há muito você sonhou.

Durante o percurso para chegar até você, o amanhã, juntou no balaio da esperança um pouco de tudo que precisava para confeccionar a receita que faltava na existência de nosso ser. E em cada ingrediente um jeito novo de experimentar velhos saborses.

Um pouco de alegria polvilhada de sorrisos, umas gramas de esperança caramelada com bondade, um pouquinho de generosidade pincelada com otimismo, perdão não pode faltar para felicidade criar, virtude tem de sobra, pois é essencial, abundancia em amizade transbordando felicidade... Tudo isso na forma de amor, de amor próprio, eterno, pois é esse que nos acompanha a vida inteira e se confunde com o tempo num só elemento e se torna imutável e é o único indestrutível.

E nesse acordar, despertar inesperado, você descobre que desperdiçou tempo com coisas inúteis, fúteis, sentimento inoportuno, amor made in china, que não tem suavidade, ternura e perdão. Quanto tempo se perde na vida, com coisas assim? A sim, muito e precioso tempo... Mas chagada a hora você acorda e se dá conta que a caneta e a carta estão ali, ao alcance da mão para assina a sua alforria. O amanhã não esqueceu de preparar isso também.

De repente você se vê com borboleta saindo do casulo e experimentado as asas no seu primeiro voo solo. Sentir a brisa leve e suave a tocar a face, um vento mais atrevido a balançar e desalinhar lhes os cabelos como há muito não sentia. O sol parece querer sorrir para você, como numa saudação de boas vindas, o azul do céu parecer ter um tom mais belo do que jamais foi, as nuvens mesmo que carregadas, já não parecem carrancudas, agora flutuam com graciosa suavidade.

O dia passa a ter a cor de seu sonho e o gosto de amor próprio e autoestima elevada, com cheirinho de novo a se instalar no ar... O verde nunca foi tão verde e a luz tão brilhante... Como é gostoso um banho de chuva, pés descalços, sem a preocupação da cobrança, somos livres, já assinamos a carta de alforria, a dor da desilusão passou já não nos sentimos afogados em sentimentos de tristeza, pensando haver perdido algo inestimável, quando na verdade nunca o tivemos.

Mas o amanhã chegou inesperadamente trazendo na bagagem tudo que precisávamos para despertarmos. E com os ingredientes mágicos põe diante de nossos olhos o que antes não víamos. E é ai que tudo acontece, percepção aguçada outra vez, coração leve e sorridente, asas ao vento, clareza nos pensamentos e a certeza que estamos melhores que jamais estivemos. Livres para deitar na relva e admirar a beleza de uma noite de luar tendo por companhia às estrelas e a brisa suave e calma e a voz do vento a cantarolar a nossa música preferida.

Sentimos a nossa alma flutuar, como numa dança, onde a musica é o arremate que faltava para completar o quadro que o amanhã antecipado, generosamente criou. Já não lembramos o passado, já não temos saudades, somos borboletas que deixam o casulo. E agora podemos outra vez sorrir com a alma. Pois na vida tudo passa, aqui, só as coisas divinas são eternas. Todo o resto é perecível.

Mery de Almeida
Enviado por Mery de Almeida em 27/03/2013
Reeditado em 01/04/2013
Código do texto: T4210114
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