Júri transmitido ao vivo pela TV, rádio e internet
Após quatro dias de Júri Popular no Fórum de Guarulhos (Grande São Paulo), o juiz Leandro Bittencourt Cano leu a sentença condenando o réu, policial militar reformado e advogado Mizael Bispo de Souza (43) a 20 anos de reclusão pelo assassinato de sua ex-namorada, a advogada Mércia Nakashima (28), em 23 de maio de 2010.
No dia 10 de junho a Polícia localizou o carro de Mércia dentro da represa Atibainha, em Nazaré Paulista, cidade da Grande São Paulo, após a informação de um pescador. Já o corpo de Mércia foi encontrado no dia seguinte fora do carro em estado de decomposição.
Mizael foi denunciado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, com emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima) e por ocultação de cadáver. O Júri foi composto por 5 mulheres e 2 homens. Os jurados responderam sim ou não para 06 quesitos, dentre os quais, se o réu “concorreu para o crime” e se “o jurado absolve o réu”.
O vigia Evandro Bezerra da Silva que também está preso como cúmplice da morte de Mércia, vai a julgamento no dia 29 de julho deste ano. Evandro disse que buscou Mizael na represa no dia do crime. Mizael nega envolvimento com Evandro, e que apenas tinha uma dívida para receber motivo de 19 ligações celulares no dia do crime. A pedido dos advogados de defesa de Mizael, a Justiça desmembrou o processo.
O réu Mizael alega inocência, e diz que na noite do crime estava com uma prostituta por quatro horas dentro de seu carro em frente ao Hospital de Guarulhos. Advogados de acusação assim como a promotoria disseram ser impossível tal álibi, devido o local ser muito movimentado, impróprio para encontros sexuais. E que a quantia de 20 reais pagos por Mizael a prostituta é um valor irrisório.
Os advogados de defesa alegaram falta de motivação para o crime, falta de testemunhas e falta de provas, pois os peritos não puderam comprovar que a alga e a terra encontradas no sapato de Mizael sejam compatíveis com o local do crime. E que no dia do crime, o réu estava distante cerca de 50 quilômetros conforme ligações de seu celular.
Conforme o juiz as controvérsias do réu com as testemunhas pesaram em sua sentença, como o de não possuir arma, pois Márcio irmão de Mércia viu o mesmo com várias armas. E que o motivo do crime foi o réu não aceitar o fim de um relacionamento, a dissolvência do escritório de advocacia e desavenças por honorários conforme e-mails. E que os advogados do réu poderão recorrer da sentença.
Este foi o segundo Júri transmitido ao vivo no Brasil, via TV, rádio e internet, pois o primeiro foi em Rondônia. Tivemos uma noção do que é um Tribunal do Júri, onde são julgados os crimes dolosos contra a vida: instigação ao suicídio, homicídio e abortos. As imagens dos jurados, de algumas testemunhas e de alguns policiais foram preservadas. Julgamentos assim valham à pena pela transparência. Pois a população precisa tomar conhecimento do que ocorre na Justiça. Excelente iniciativa do Judiciário!