Recado metalinguístico
Seria muito fácil pra mim apagar tudo da memória, seus morfemas, seus sintagmas, seus fonemas que desagradaram. Seria fácil. Reconhecer o acento agudo da tua palavra, a parte tônica, o irrelevante, um significado metafórico, uma vida literal, denotativa, não o é. E a linguagem não verbal? A estilística da imagem, as linhas do que não se consegue escrever? Coisas que só uma figura retrata. Coisas que só os seus retratos laçados na memória transmitem. Seus retratos cravados num suporte textual. A imagem pública que corrói meu tempo, meu peito, minhas unhas, meus cotovelos, minha sanidade. Advérbios de modo não conseguiriam tecer as teias que me prenderam, insanamente, desesperadamente, não sei, dormentemente, talvez.
Vai. Pode ir com verbos, pra mim, anômalos, que não se conjugam em tua primeira pessoa. Vai cheio de predicados, de desculpas para usar verbos de ligação com predicativos errados. Vai sim, pois sequer tu tens pensado na semiótica da imagem, dos braços, do vermelho, do azul e branco, da tua vontade de permanecer as cores e os enlaces, das minhas dores, do preto e do branco me invadido o semblante.
Desculpa. É o que também pediria, sem questionar coerência.
Sinto que não entendeu o motivo das lembranças, mas pra mim fica claro que elas vêm ao olhar nos seus olhos. Eles inferem.
Se a comunicação não deu jeito, se a compreensão foi prejudicada, senta e pesquisa. A semiótica explica.