Certo dia
Todo dia alguém faz aniversário...
Uma frase banal. Tola. Milhões nascem ou morrem a cada instante. Mas, que importância tem o aniversário para um menino de seus 14 anos. Um menino comum. Sem encantos a não a ser a juventude e o longo caminho a percorrer. Será?
Esse menino, pela manhã, levantava-se procurava o uniforme e o encontrava em meio às roupas amassadas e jogadas pelo chão. Queria café – café puro – não tinha nada. A mãe jogada em um asqueroso sofá, drogada, dormia, depois de uma noite de farra, com mais um amigo como ela dizia. Agora, só os trazia e eles entravam. Olhavam o garoto que saía e ficava na rua, acolhido por tudo, menos por quem lhe desse um abraço, um olhar materno que o fizesse sentir-se amado.
Era tão desnutrido, que parecia ter bem menos idade. Inteligente, mas sempre ausente, faltoso, indisciplinado e repetente. A sexta séria, já a repetia há quatro anos.
Certo dia – era o dia do seu aniversário – chegou à sala de aula, faminto, sujo, a blusa manchada e amassada. A professora, talvez muito pouco preparada, olhou, crítica, e, na frente de todos, procurou a razão de o uniforme estar daquele jeito. Ele, sorrindo, para encobrir a vergonha, disse:
- Minha mãe não pôde arrumá-lo Ela estava trabalhando.
A turma – em cruel uníssono - trabalhando? Ah! Ah!...
Ele se apequenou na cadeira. Se pudesse, teria fugido, pois, nas comunidades, como vilas da Idade Média – se não estivermos regredindo ainda mais – tudo se sabe. Porém, não há respostas. Não há soluções. Não há família. Só há retalhos de amor, que teimam em ficar nos corações e pelos quais – ainda um dia – possamos contemplar – se alguma coisa se fizer para recuperar o lar - o renascer de um novo tempo.
No entanto, voltando à sala de aula. O menino permaneceu sem encontrar respostas, sem o amor que o mundo não lhe dava. Acontece que era o dia do aniversário dele. Ninguém se lembrava. Ninguém ligava. Ele começou a falar com um colega. Queria que alguém soubesse daquele instante mágico, no qual obtivera o dom da vida, Novamente foi advertido pela professora, que enfatizou, além de sujo, não cala a boca. O garoto, apelando intimamente por instante um mísero instante de alegria, tentou dizer:
- Hoje é dia do meu a...
- Cala boca. Você não tem jeito. Sai!
- Volte com sua mãe!
A turma caiu na gargalhada. Nesse instante, a professora, compreendeu que alguma diferente se passava.
- Por que o riso?
- Hein! Professora, a mãe dele dorme o dia inteiro “chapadona”; Ele come aqui, na escola, e o que encontra por aí. Hoje é o aniversário dele.
A professora correu. Tentou evitar o triste equívoco. Era tarde. Ele saía, naquele momento, pela porta da escola, com o bilhete da diretora. Saía da única rota que lhe restava. Rendeu-se à situação. De cabeça baixa, não chorava. Não ria. Nada sentia.
Não foi para casa. Abeirou-se da linha do trem e depois de escorraçado por vários guardas, conseguiu entrar em uma composição. Queria ir até o infinito. Mas não foi. Ninguém ligava. Olhavam indiferentes para ele, até que um funcionário o fez sair daquele canto do trem.
Hoje, ele continua na rua e pela rua. Ninguém o procura. Às vezes, vende alguma coisa. Vive com um grupo por tortuosos e tristes caminhos, nos quais também ninguém sabe quando o dia do seu aniversário. Até ele já esqueceu!
Quem salvará crianças como essa, tão distantes do palco que a vida lhes cobra, mas já tão próximas de Deus?
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Todo dia alguém faz aniversário...
Uma frase banal. Tola. Milhões nascem ou morrem a cada instante. Mas, que importância tem o aniversário para um menino de seus 14 anos. Um menino comum. Sem encantos a não a ser a juventude e o longo caminho a percorrer. Será?
Esse menino, pela manhã, levantava-se procurava o uniforme e o encontrava em meio às roupas amassadas e jogadas pelo chão. Queria café – café puro – não tinha nada. A mãe jogada em um asqueroso sofá, drogada, dormia, depois de uma noite de farra, com mais um amigo como ela dizia. Agora, só os trazia e eles entravam. Olhavam o garoto que saía e ficava na rua, acolhido por tudo, menos por quem lhe desse um abraço, um olhar materno que o fizesse sentir-se amado.
Era tão desnutrido, que parecia ter bem menos idade. Inteligente, mas sempre ausente, faltoso, indisciplinado e repetente. A sexta séria, já a repetia há quatro anos.
Certo dia – era o dia do seu aniversário – chegou à sala de aula, faminto, sujo, a blusa manchada e amassada. A professora, talvez muito pouco preparada, olhou, crítica, e, na frente de todos, procurou a razão de o uniforme estar daquele jeito. Ele, sorrindo, para encobrir a vergonha, disse:
- Minha mãe não pôde arrumá-lo Ela estava trabalhando.
A turma – em cruel uníssono - trabalhando? Ah! Ah!...
Ele se apequenou na cadeira. Se pudesse, teria fugido, pois, nas comunidades, como vilas da Idade Média – se não estivermos regredindo ainda mais – tudo se sabe. Porém, não há respostas. Não há soluções. Não há família. Só há retalhos de amor, que teimam em ficar nos corações e pelos quais – ainda um dia – possamos contemplar – se alguma coisa se fizer para recuperar o lar - o renascer de um novo tempo.
No entanto, voltando à sala de aula. O menino permaneceu sem encontrar respostas, sem o amor que o mundo não lhe dava. Acontece que era o dia do aniversário dele. Ninguém se lembrava. Ninguém ligava. Ele começou a falar com um colega. Queria que alguém soubesse daquele instante mágico, no qual obtivera o dom da vida, Novamente foi advertido pela professora, que enfatizou, além de sujo, não cala a boca. O garoto, apelando intimamente por instante um mísero instante de alegria, tentou dizer:
- Hoje é dia do meu a...
- Cala boca. Você não tem jeito. Sai!
- Volte com sua mãe!
A turma caiu na gargalhada. Nesse instante, a professora, compreendeu que alguma diferente se passava.
- Por que o riso?
- Hein! Professora, a mãe dele dorme o dia inteiro “chapadona”; Ele come aqui, na escola, e o que encontra por aí. Hoje é o aniversário dele.
A professora correu. Tentou evitar o triste equívoco. Era tarde. Ele saía, naquele momento, pela porta da escola, com o bilhete da diretora. Saía da única rota que lhe restava. Rendeu-se à situação. De cabeça baixa, não chorava. Não ria. Nada sentia.
Não foi para casa. Abeirou-se da linha do trem e depois de escorraçado por vários guardas, conseguiu entrar em uma composição. Queria ir até o infinito. Mas não foi. Ninguém ligava. Olhavam indiferentes para ele, até que um funcionário o fez sair daquele canto do trem.
Hoje, ele continua na rua e pela rua. Ninguém o procura. Às vezes, vende alguma coisa. Vive com um grupo por tortuosos e tristes caminhos, nos quais também ninguém sabe quando o dia do seu aniversário. Até ele já esqueceu!
Quem salvará crianças como essa, tão distantes do palco que a vida lhes cobra, mas já tão próximas de Deus?
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