Lembranças
Estou deitada na cama em meio ao quase completo breu do meu quarto; está um frio gostoso, friozinho mesmo coberta em meus lençóis. Pus para tocar o CD "viva la vida" da banda Coldplay e um dos meus fones pressiona meus ouvidos por ser o lado que eu apoio minha cabeça ao travesseiro, simultaneamente abraço com força o meu leão de pelúcia, batizado recentemente de "Cataul". Há exatos 1 ano eu estava exatamente assim como estou agora, porém 1 ano atrás meus braços sangravam.
Não entendo o porquê, mas aquelas lágrimas suicidas voltaram a molhar o meu travesseiro; elas têm um salgado diferente, uma temperatura singular e um sentimento único. Eu sofri como sofri ano passado.
Eu não sei explicar, mas me senti no meio daquele dezembro angustiante; sei que foi só impressão minha, mas minhas cicatrizes se destacaram e eu via uns pedacinhos de braço em meio a elas, cada fraqueza, cada dor, cada imbecilidade e intolerância, minha depressão saltava do meu pulso e esfregava meus erros em minha cara molhada. Eu revivia a minha decadência.
Bateu de repente aquela antiga necessidade de escrever, escrever para me salvar de mim mesma. Lembrei que há bastante tempo que não escrevo, percebi que não escrevo com a frequência de antigamente. Isso, por uma lado, é bom, porém escrever me faz sentir-me bem. Eu gosto de escrever. Escrever é bom quando se escreve a si mesmo, quando si escreve.
Mas eu sorri. Hoje eu sorri. Sorrisos não apareceram dezembro passado, pois eu não tinha quem eu tenho. Você sorri quando o amor da sua vida diz que lhe ama. Naquele dezembro eu ainda não tinha encontrado o meu amor para me dizer que tudo ficaria bem.