Foto de Feitosa dos Santos - Montmartre - Paris

TEMPOS ÍDOS

Há coisas que não se esquece. Eu lembro bem do belo sorriso da minha professora de português, quando eu fazia o segundo ano colegial.

Era um sorriso harmônico acoplado sobre aquele rosto angelical. Harmonia sim, este era o nome dela, belíssima mulher, cabelos longos e louros, teciam brilhos ao esbarrar das luzes.

Qual o aluno que nunca teve um tsunami de paixonite aguda por uma professora? Em colégios ou faculdades sempre acontece esses fatos com jovens na pós-adolescência.

Nutri durante todo o segundo e terceiro ano colegial, uma paixão avassaladora, onde apenas eu sabia e sentia, a ponto de não faltar uma só aula, desta matéria, durante todo o curso, apenas para olhar aquela beleza infinda de um canto ao outro da sala.

Olha que isso não é uma coisa fácil de acontecer. O aluno a pleno vigor da juventude, não enforcar uma única aula de dada matéria. É um caso seríssimo mesmo.

Essas paixões servem de base para a vida sentimental futura. Como foi providencial esta experiência emocional unilateral na minha adolescência.

Com esses experimentos aprendemos a diferenciar o que é amor e o que é paixão, o que vale apena e ao que não devemos dar trela.

Eu aprendi que a beleza da vida é feita por nós mesmos, as cores do mundo, somos nós que colorimos, com o nosso bom humor, com o nosso sorriso, com os nossos olhares indagadores ou não.

Ruminar ideias não construtivas é um prejuízo ao cérebro, uma descompensação para o corpo e desequilíbrio para a alma.

O amor é puro em qualquer forma que se apresente, mas a paixão é doentia, apática e ao mesmo tempo pegajosa.
                                   Rio, 22/01/2013
                                 Feitosa dos Santos