O Susto de Lia

Maria, quando seu filho completou doze anos, sofreu angústias enormes. Ela havia acompanhado Jesus e José na viagem a Jerusalém, pela festa da Páscoa, para cumprir um costume judaico. No caminho de volta, esta santa mãe deu falta do filho. Ela julgou que ele estivesse com José, porque as mulheres andavam separadas dos homens e as crianças podiam escolher se acompanhavam os pais ou as mães. Foram dias de sofrimento, enquanto durou a procura. Finalmente ela o encontra no Templo, respondendo às muitas perguntas que lhe eram feitas pelos doutores da lei que admirados estavam com o grande conhecimento que possuía aquela criança. Que imenso alívio sentiu aquele santo coração!

Muitas mães, hoje, também sofrem esta mesma angústia, quando seus filhos desaparecem de casa.

Lia, mãe de sete meninos e duas meninas, um dia, também chorou muito. Ela procurou seu filho Gilson por toda a vizinhança e ninguém sabia do paradeiro do menino. Seu desespero foi maior, quando veio a notícia de que um corpo de menino apareceu “boiando” na piscina do D.T.C. – Divinópolis Tênis Clube – que ficava bem perto de sua casa. A loucura tomou conta da família.. Os vizinhos se prontificaram a ajudar, uns avisando ao pai que trabalhava na Rede Mineira de Viação. Outros, a levar a mãe para o reconhecimento do corpo e outros, mais afoitos, tomaram as providências do funeral.

Lia, não teve coragem de olhar para aquele rosto já um pouco desfigurado. Ela chorava e gritava, implorando a misericórdia divina. Pediu que levassem o corpo para sua casa, onde seria preparado para o velório.

E, no meio daquela choradeira toda, chega um vizinho, que também era compadre e diz para Lia:

- Comadre, qual de seus filhos morreu? O Gilson? Mas, o Gilson não é aquele que está debaixo da cama?

Foi um corre-corre tão grande e o menino Gilson, ainda espantado, tremia de medo de levar uma surra do pai por ter estragado a antena da televisão.

A cena que Jorge viu, quando chegou da Oficina da Rede, foi a daquela mãe, emocionada pela alegria que renascia em seu coração, rindo e chorando, ajoelhada diante de um oratório onde se via uma imagem da Virgem Maria!

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 11/03/2007
Reeditado em 12/03/2007
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