O NOSSO ARQUITETO PARTIU
 
 
 
                     A partida desse nosso irmão aos cento e cinco anos de idade nos entristece muito. Porém, acreditando sempre que as decisões do alto são mais importantes e sábios entendo que OSCAR NIEMEYER cumpriu todas as suas tarefas aqui entre nós e mudou-se para um plano onde terá oportunidade de reciclar ainda mais os seus conhecimentos, aptidões e talentos. Penso no meu modesto entendimento que o Pai Criador, Supremo Arquiteto do Universo estava precisando mais um arquiteto competente para Lhe auxiliar na Sua Seara, por isso levou para o seu convívio esse que aqui na terra entre nós foi é e sempre será o maior e melhor arquiteto que nós pobres mortais conhecemos.
                    Eu, infelizmente não tive o privilégio de conviver com esse admirável arquiteto. Nunca estive próximo dele. Aliás, ele partiu sem saber que eu existo. Entretanto eu que nasci trinta e oito anos depois dele, tenho a grata satisfação de dizer que conheço uma grande parte das suas obras. Inclusive conheci e conheço alguns dos seus amigos mais próximos, dentre eles o pianista capixaba JOÃO VANDALUZ, músico excepcional que era amigo do Oscar Niemeyer. Tocou recentemente, no aniversário de 101 anos para ele.
                     O doutor Oscar, como fala o João, era um amante da música e especificamente do choro.
                    Sem proselitismo ou intenções escusas, nesta minha crônica ouso dizer que a partida desse irmão nos mostra uma realidade que insistimos em contrariar e não querer entender:
                    “Diz-se por aí que Deus não existe”. Que ninguém nunca viu Deus. O próprio Oscar Niemeyer se declarava ateu. No entanto como sabemos projetou e construiu várias mesquitas e catedrais. Declarava-se comunista, mas convivia pacificamente com o nosso conturbado regime governamental que até hoje ainda não se sabe se é democrático ou não, em face de tantas mentiras e facetas, bem como as imposições existentes aplicadas ao povo. Em muitas entrevistas que acompanhamos pela mídia, imprensa escrita, falada e televisada pudemos observar o seu amor pelo ser humano. Não era religioso e nem acreditava em Deus, mas amava a poesia, a música, a arte, o seu povo brasileiro e todo ser humano.
                    Partiu deixando um lastro de amigos e admiradores, assim como sou, não só por suas obras arquitetônicas reconhecidas em todo mundo, mas pelo seu carisma e pelo ser humano rico que era, material e espiritualmente, com a simplicidade de um ente comum igual a todos nós.
                    Tenho certeza absoluta que milhões de outros brasileiros e estrangeiros não conheceram esse mestre da arquitetura. Talvez alguns nem saiba o que é ser um arquiteto. Mas quando estiverem diante de uma de tantas obras monumentais pensarão em conhecer o passado do OSCAR NIEMEYER.
                    Como humanos e mortais que somos, resta-nos a alegria de poder dizer adeus a esse irmão, mesmo calados em nosso cantinho, rogando ao Pai Criador as bênçãos ao nosso representante da arquitetura no Brasil e no exterior e de hoje em diante no céu.