Viagem para dentro de si

Ele se deitou no chão do quarto daquela velha casa. A madeira corrompida e ainda sim pura estrondou e o chão estremeceu abaixo de si. Não ligou que a lã bem costurada entrasse nas falhas do piso e cruzou os braços atrás da cabeça que viriam a ser marcados pelos pequenos buracos. Olhou o ventilador pouco impulsionado e ali fixou os olhos. A respiração se tornou ofegante e o coração vibrou mais. A adrenalina aumentou e sua imaginação entrou em turbulência. Colocou aquela imagem do seu teto no fundo e lançou outras por cima.

Desejos e lembranças... Não via defeito nelas, mas se angustiou. E emocionando-se, procurou um lugar novo para viajar dentro de si. Escolheu sentar diante de uma vegetação pouco colorida, numa cadeira já idosa, e observou o numeroso mato seco desaparecer e algumas oliveiras darem frutos. O cenário contornou toda a paisagem exótica que antes ele explorava (risos e brincadeiras, beijos e abraços).

Chegou-lhe uma pessoa, deu-lhe um cacho de uvas e se sentou na terra seca ao seu lado.

Verdes, deliciaram suas bocas. Ali, em silêncio, observaram o entardecer.

Dangerous
Enviado por Dangerous em 03/12/2012
Código do texto: T4017865
Classificação de conteúdo: seguro