O Almeidinha Na Modernidade.

Há poucos dias estava lendo uma crônica do autor Matheus Pichonelli, publicada na Carta Capital, pela internet, cujo conteúdo me chamou tanta atenção que resolvi também escrever sobre. O texto, intitulado ´´Direitos Humanos para Humanos Direitos´´, revelava um pouco do perfil do sujeito moderno, o qual ninguém gostaria de ser identificado nos dias de hoje, conhecido mais como o ``Almeidinha´´.

O Almeidinha era descrito como um sujeito cheio de preconceitos, machista, que faz julgamentos precipitados. Aquele personagem que acredita em tudo que a mídia procura passar, independente se os fatos ali mostrados são mesmo reais ou verdadeiros. Um Almeidinha que prefere não acreditar ou parece não saber que a política sempre fez parte de nossas vidas, e que, por conta disso, exige decisões e discussões conscientes.

Enfim, um Almeidinha que acredita que a solução para o país é acabar com a periferia, com os pobres e jovens ´´delinquentes´´, sem futuro como costuma chamá-los. Uma espécie de ´´limpeza´´, para que talvez, assim, os vizinhos ( turistas) pudessem desfrutar da tão sonhada Copa sem mais preocupações, dando uma boa aparência na ´´casa´´. Talvez até para esquecermos dos problemas que o governo e a mídia insistem tanto ignorar.

Poderia estar aqui falando horas sobre esse tal Almeidinha que ninguém gostaria de se identificar, mas que existe aos montes, seja totalmente dessa forma, ou com pequenas características já citadas. Não procuro julgar quem realmente se identificou ou se viu na pele de um Almeidinha. Afinal, prefiro pensar que todos nós temos um pouco desse personagem típico que preferiríamos negar que existe. Mas, pelo contrário, busco refletir sobre como a modernidade tem contribuído para que o perfil do Almeidinha se tornasse tão forte nos dias atuais.

Sabemos que a tecnologia tem lá os seus benefícios. Sem o seu auxílio, os índices de violência, estupro, desaparecidos, poderiam ser bem maiores. Com poucas denúncias e falta de coragem para discutir tais assuntos, esses atos não seriam tão visíveis e não causariam tanta indignação como causam hoje. Consequentemente os praticantes desses atos se sentiriam mais livres, pois costumam dizer por aí que brasileiro tem memória fraca e logo logo esses acontecimentos seriam esquecidos. Mas não.

As redes sociais hoje, passaram a ser vistas também como armas, para se indignar, protestar, ensinar, e tantas outras utilidades que possam causar um bom efeito para abrir melhor os olhos da sociedade. Por outro lado, nem sempre as redes sociais são utilizadas para esse fim.

Não precisaria citar muitos exemplos, basta entrar e ver infinitas mensagens e apelos, quase sempre somente para causar comoção, quando se descobre que tais notícias ou fotos são falsas. Ou variadas fofocas de artistas juntamente com vários comentários fúteis e preconceituosos sobre o que estão fazendo. Sem falar, nas demais frases e interpretações erradas de certos autores, compartilhadas pelo usuário como confiantes ,sem ao menos ter lido uma obra ou a biografia do próprio autor que tanto diz amar e apreciar o seus trabalhos.

Mas então, o que tem a ver o tal Almeidinha e as redes sociais? Ou melhor, com a modernidade?

As redes sociais, ou a forma como elas vem sendo utilizadas tem contribuído para a formação indesejada de novos Almeidinhas. Sujeitos acostumados a pensar apenas no presente, sonhando com o dia em que deixará o seu trabalho e curtir o resto do tempo sem problemas ou com os mínimos problemas possíveis. Um Almeidinha que só consome aquilo que querem que consuma, sem fazer nenhum esforço para pesquisar e procurar informações mais seguras e que possa fazer críticas. Um Almeidinha que acredita que os índios não estão sendo ameaçados ou mortos e que não tem direito a nada, porque a TV quer que você pense assim.

A modernidade deseducou a nossa paciência. Coisas simples deixaram de ser valorizadas e ficamos cada vez mais irritados quando o celular ou computador não mais funcionam quando preciso. As reuniões em famílias são cada vez mais raras e quase sempre acompanhadas de um Iphone na mão.

Vivemos num mundo cada vez mais competitivo e cada vez mais solitário. Cada um de nós, tem no fundo, um Almeidinha escondido.

Para curiosidade, segue o link do texto acima que tanto acabei de citar.

http://www.cartacapital.com.br/sociedade/direitos-humanos-para-humanos-direitos/

Raquel Dantas
Enviado por Raquel Dantas em 14/11/2012
Reeditado em 14/11/2012
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