Rumo ao Infinito- crônica lírica-
Os pássaros contentes com os primeiros raios solares que inauguram o raiar do dia, cantam entusiasmados pelo céu azul dessa linda primavera. Abaixo, contemplo um grande lago límpido que me presenteia com um cardume de lindos peixinhos, que transitam despreocupados pelas encostas. As pequenas e batalhadoras formigas não cessam sua trabalhosa e gratificante rotina, e como um gigantesco e disciplinado exército, avançam destemidas e imponentes em direção à sua casa. Estou um pouco cansado, e para falar a verdade totalmente sem rumo e sem nenhuma expectativa... Levanto vagarosamente, e sigo perdido pelo pasto verde e extenso como uma triste ovelha desgarrada do teu rebanho... Como é exuberante a visão que tenho dos voos sincronizados daqueles enormes urubus, que vasculham minuciosamente toda a área em busca dos teus alimentos. Os cãezinhos correm afoitos pelo morro. Pulam e rolam pela relva um pouco umedecida pelo sereno de ontem. Latem felizes da vida e até parecem que sorriem para mim, tamanha a felicidade impregnada em teus corpos... Ah, não seria nada mal se pudesse me transformar em um desses cães felizes, e sair correndo sem preocupações por todo esse cantinho ensolarado e acolhedor.
Já são quase quatro da tarde, e para falar a verdade não estou com pressa de ir embora. Tiro a camisa suada e desço por um atalho espinhento que me leva a um pequeno regato. Pulo desesperançoso e tento atravessá-lo para poder seguir em frente. A água gelada parece me renovar e injetar uma boa dose de ânimo em minha alma, mas isso dura apenas alguns minutos, e caio novamente em uma tristeza que desestabiliza por completo o meu ser. Subo o morro em passos curtos e vou caminhando apático por entre o mato fino que bate incansável em minha canela, causando um pequeno incômodo, mas nada que me faça desistir de seguir em frente...
Nossa! Como é reconfortante estar aqui no cume desse Monte. Uma falsa paz tenta penetrar em meu calejado coração, mas não adianta, pois a tristeza e desânimo a pôem para fora a socos e pontapés... Uma chuva fina começa a cair e vai se misturando às minhas intermináveis lágrimas, que juntas descem velozes pela terra, e vão deixando as marcas inconfundíveis das grotescas dores que agora sinto...
Ouço bem ao longe o canto tradicional de um simples galo, e por Zeus! Está amanhecendo. Caí em um profundo sono e nem percebi. Desço alguns metros até encontrar uma pequena nascente, onde lavo bem o rosto para trilhar o caminho de volta. Sinto um pouco de fome, e por sorte encontro algumas bananas dispersas ao chão.Tomo o rumo de casa sem pressa alguma e nesse novo dia nada mudou! Observo a felicidade estampada nos pequenos insetos, nos animais, no Sol brilhante que aquece o nosso pequeno planeta, nas árvores que dançam felicíssimas embaladas por ventos vindos de todas as partes, na Lua quase transparente que observa atenta tudo aqui embaixo... Percebo que não faço parte desse mundo feliz e me pergunto: Por que estou ainda aqui? Qual o propósito de seguir em frente se tempestades arrasadoras invadem por dias ininterruptos a minha mente, o meu corpo, a minha alma, o meu sangue velho, as minhas entranhas, os meus poros? Não posso e não quero permanecer mais nesse inferno! Não acredito mais nos seres humanos, no governo, na segurança pública... Adeus lindo Planeta azul, você não merecia ser povoado por seres tão insignificantes, que o matam diariamente sem um mínimo de pudor. Adeus! Não quero fazer parte disso! Prefiro fechar os olhos por toda a eternidade, e voltar a ser poeira cósmica, atravessando ferozmente o infinito...
http://alexmenegueli.blogspot.com.br/ 15/10/2012