Contarei tudo. Tenha paciência!

A narrativa sobre a última viagem que realizei à Europa, na companhia de minha mulher e da filha mais velha, está em gestação. Costumo relatar em livro o que vejo nesses agradáveis passeios. Atualmente, debruço-me sobre fotografias, filmes, apontamentos e gravações, a fim de instruir, com a mais sincera fidelidade, o ocorrido em dezesseis dias de viagem.

No dia 16 de setembro último, às 17h45, voei em aeronave da empresa Transportes Aéreos Portugueses. Ainda em Brasília, quando do exame da bagagem de mão, no setor da Polícia Federal, minha mulher teve a bolsa revistada, em decorrência do alarme do sistema eletrônico de segurança. Em bem acomodada embalagem, foram encontrados dois tubos de shampoo, cujo volume líquido total excedia os cem gramas permitidos. Os produtos foram recolhidos para serem incinerados.

Ao transpor o equipamento em formato de porta, milhares de pessoas são identificadas com suposta irregularidade. Em seguida, são submetidas à nova inspeção. Homens e mulheres abrem braços e pernas para, conforme o caso, serem revistados por agentes do sexo masculino ou feminino. Esses escudeiros da segurança apalpam os corpos dos passageiros à procura de armas ou objetos que facilitem eventual ação criminosa.

Conforme faço em todas as viagens que realizo ao exterior, observo as informações do aviãozinho de bordo, cujo monitor encontra-se fixado no espaldar da poltrona da frente. A telinha registra a aeronave em voo sereno. Naquela oportunidade, dizia estarmos a mais de 8.800 metros de altura, ultrapassando, mais tarde, os 11.000. A temperatura externa era de 42º célsius, negativos. Voávamos a 857 quilômetros por hora, encurtando a distância de 7.906 quilômetros ou 4.352 milhas, entre Brasil e Portugal. Seriam necessárias quase nove horas para chegarmos ao destino, o que, felizmente, aconteceu, sem contratempos.

Nosso primeiro destino foi a capital portuguesa, Lisboa, escolhida para usufruirmos cinco dias de passeios. Em seguida, fomos a Áustria, República Theca, Eslováquia e Hungria. Excetuado o percurso Lisboa-Viena, o restante foi percorrido em ônibus, por rodovias de duas mãos, tranquilizando-nos por toda a viagem.

Depois de cansativo voo, chegamos ao Aeroporto Internacional de Lisboa, às 6h20, de 17 de maio, hora local. Em Brasília, seriam 2h20 de uma madrugada de baixa umidade do ar, conforme acontece nesta época do ano.

Na capital lusitana, ocupamos as dependências do Hotel Mundial. Aquela era a segunda vez que hospedávamos ali, motivados pela aproximação com o centro da cidade. Desfeitas as malas, descemos ao hall de entrada. Na portaria, encontramos um velho conhecido, senhor Amadeu Ferreira, um português que, como da vez anterior, nos conduziu em seu automóvel Mercedes Benz a diversas localidades da metrópole portuguesa. E, posteriormente, pela região Norte do país.

Em Lisboa, revimos o estuário do rio Tejo e as pontes 25 de Abril e Vasco da Gama. A primeira foi inaugurada em 1966, construída em aço, medindo mais de dois mil metros de extensão; a segunda, bem mais extensa, oferece doze quilômetros de travessia sobre o rio Tejo. Em uma das extremidades da ponte Vasco da Gama encontra-se gigantesca estátua de Cristo Rei, com vinte e oito metros de altura.

Hospedados no centro da cidade, foi fácil revermos os pontos mais destacados de Lisboa, como a Praça do Comércio, conhecida como Terreiro do Paço, o maior logradouro público da capital portuguesa, com o Arco do Triunfo e o monumento ao rei D. José I a embelezarem a paisagem; a Praça D. Pedro IV, inaugurada em 1870, que expõe a estátua de Sua Alteza; a Praça da Figueira e o monumento a dom João I.

Revimos a Praça da Restauração e a Rua Augusta. Frequentamos o segundo logradouro, diariamente, a fim de assistirmos a pequenos shows, improvisados por artistas mambembes, músicos de diversas partes do mundo e pessoas travestidas em estátuas vivas, amealhando ofertas concedidas pelos transeuntes. Na Rua Augusta e adjacências, fomos servidos de refeições ligeiras e bebidas, especialmente de vinho das regiões de Alentejo e do Douro. À noite ou nos finais de tarde, de quase todos os dias de nossa estada, estivemos naquelas imediações. Em nenhum momento de nossa passagem por ali, deixamos de nos deliciar com o pastel de Belém ou pastel de nata, como é conhecido em certas regiões portuguesas.

Pela segunda vez, minha mulher, minha filha e eu visitamos a Praça Marquês de Pombal, o grande restaurador da cidade, após destruidor terremoto, ocorrido em 1755. O terrível abalo sísmico quase varreu o país do mapa. Alcançou 9.16 graus de intensidade na escala Richter.

Não nos negamos a rever o Chiado, ponto mais elegante da cidade antiga; as ruas Garret e do Carmo, que exibem lojas e igrejas em estilo barroco; e a Praça de Camões, o maior poeta lusitano, nascido em 1522 e falecido em 1580. Camões é autor de Os Lusíadas, poema épico que retrata a saga dos portugueses pelos mares bravios, sob os auspícios do Infante dom Henrique, o Navegante, também detentor do merecido título de O Príncipe dos Mares.

Em certo ponto da Rua Garret, fomos fotografados junto à estátua do grande dramaturgo e poeta português, Gil Vicente, esculpida em bronze. O insigne personagem teria nascido em 1465 e falecido em 1536. Renomados historiadores indicam a cidade de Barcelos como provável berço em que nasceu Gil Vicente; outros o tem como nascido em Guimarães, lugar por onde passamos e sobre o qual farei comentários em outras oportunidades.

São muitas as obras literárias atribuídas ao grande poeta e dramaturgo português, Gil Vicente. Listá-las, seria um prazer, mas, infelizmente, não é o que me proponho neste momento, até porque é extenso o seu legado literário.

Em atenção à inegável pedido de minha esposa, fomos revisitar a Torre de Belém, obra em estilo manuelino e um dos principais locais de visitação turística da cidade. A construção é de proporção generosa, com varandas e incrustações artísticas. Foi edificada entre 1515 e 1521, para defesa do rio Tejo, na época dos descobrimentos portugueses. Seu estilo arquitetônico contempla formas árabes, românicas e góticas. Uma maravilha!

Revimos o Padrão dos Descobrimentos e ainda visitamos a Avenida da Liberdade – os Champs Elysées Lisboeta –, dando por encerrado um dia de cansativas visitas.

Em próxima crônica, narrarei os passeios que fizemos por outras regiões de Portugal e do leste europeu. Como diz o título desta crônica, oportunamente contarei tudo. Tenha paciência!