Teoria E Prática Em Sala De Aula

Durante toda minha experiência acadêmica,percebi que um dos maiores problemas enfrentados pela maioria dos professores, é a indisciplina. Problema inclusive presente na maioria das instituições escolares. Sem ela, o interesse do aluno se tornaria muito mais visível e criaria aos educadores possibilidades de aprofundar da forma que deseja os conhecimentos, contribuindo para uma melhor correspondência por parte dos educandos.

Creio também que saber lidar com as dificuldades de cada um e ajudá-los a superarem é um grande desafio. Não é a toa que a dificuldade de relacionar os conhecimentos, bem como as teorias apresentadas na faculdade, com a prática vivenciada no momento do estágio pareça ser uma tarefa quase impossível.

Embora teoria e prática não estejam separadas, pois as práticas e atividades pensadas nunca estão soltas. Sempre há um objetivo a ser alcançado pelo aluno. Entretanto, nem sempre as coisas saem como deveriam ser. O planejamento, por mais que nos dê segurança e nos oriente na nossa prática, muitas vezes não nos dão os resultados esperados e sempre está sujeito à mudança.

Fala-se muito na necessidade do diálogo entre professor e aluno, mas será que esse diálogo na prática realmente funciona? É possível dialogar com o aluno, ou especificamente, uma criança? O que fazer quando o aluno não quer negociar e não cumpre com o prometido?

Pois, segundo Paulo Freire, o autoritário que se alonga em sectário, vive um ciclo fechado de sua verdade, em que não admite dúvidas em torno dela, quanto mais recusas.´´ Uma administração autoritária foge da democracia como o diabo foge da cruz´´, como ele mesmo diz.

Lidar com as dificuldades de cada um é uma tarefa também difícil, porque devemos aprender a ouvir, não julgá-las e dar atenção necessária, o que parece simples, mas não é!. Pois não são raras às vezes que até dentro de uma faculdade, em sala de aula, deixamos de ouvir o que o outro pensa, por estarmos preocupados com nossos problemas individuais ou certos dos nossas ideias que não nos abrimos para o diálogo.

Fatores como a grande quantidade de alunos, as dificuldades específicas que deveriam ter sido superadas, também influenciam e muito contribuem para que o aluno menos avançado seja deixado de lado.

Muitos pensam que o papel do educador pode ser apresentado por qualquer pessoa que pouco saiba sobre o que representa a sua participação e muito se engana. Pois, como já foi dito, é preciso ter sensibilidade, esperança, entender e compreender o aluno. Estar disposto a sempre auxiliá-los, mesmo tendo um dia difícil e sendo pouco valorizado. Pois, como aponta Freire (1996), ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou à sua construção.

Paulo Freire (1997), em uma de suas obras, ao falar sobre o momento do estágio, aponta que o medo e a insegurança são inevitáveis e que o educador não é um se invulnerável. É tão gente, tão sentimento e emoção quanto o educando.

Por esse lado, por mais cansativo e angustiante a prática, pois é também o momento que mais confrontamos com a teoria, aprendemos que a experiência em sala de aula é fundamental para compreender mais fundo as diversas teorias e abordagens no que diz respeito à educação. É por meio da prática que sentimos de perto e entendemos melhor o porquê o ensino tradicional ainda se encontra forte nos dias atuais e que não se pode ignorá-lo facilmente.

Não se pode ignorá-lo e muito menos pensar que por conta do sistema ou a própria política da escola, novos métodos não podem ser pensados. As atividades podem ser prazerosas e menos cansativas, porém, é preciso tempo e vontade para que elas sejam bem recebidas. Ou talvez, mais do que isso, é preciso que a confiança e o afeto por parte da criança seja conquistada.

Embora angustiante, o estágio me possibilitou a reflexão e o não aceitamento da realidade que vem se apresentado nas instituições escolares, bem como as políticas impostas. Aprendi a refletir sobre minha prática e a não culpar o aluno pelos fracassos e os resultados desastrosos. E muito menos, sentir culpada pelos fracassos do aluno e dos resultados inesperados durante a prática.

Afinal, existe uma série de fatores sociais que fazem com que o aluno se sinta desmotivado em cumprir e participar das atividades escolares. Embora, não menos curioso e interessado. Pois, se sabe que a criança desde o momento que nasce já se mostra um ser curioso em desvendar o mundo que o rodeia. Trata-se das condições sociais e não das reponsabilidades individuais. Pois é entre a população indígena, rural e marginalizada dos centros urbanos que se concentram as maiores porcentagens dos fracassos escolares. (FERREIRO, 2003).

Por isso, a rotina posta pela escola, cuja função é importante para que a criança adquira disciplina, o respeito que deve ao professor e demais funcionários, a relação familiar, cujas vezes o aluno nem sempre tem o acompanhamento dos pais nas atividades ou a pressão imposta por eles. As salas com paredes vazias e carente de materiais que resgata a curiosidade da criança no momento da aprendizagem... Enfim, todos esses fatores contribuem para que o sujeito veja o estudo como algo doloroso, necessário e preciso, e não como um ato prazeroso.

Um dos fatores que contribuem para a falta de estímulo do aluno no momento da aprendizagem, é que a escola, por mais que queira, dificilmente consegue adaptar os conteúdos obrigatórios à sua realidade. Pois, para conhecer o aluno é preciso tempo, disposição, pesquisa e estudo por parte do professor e educador. Além de um diálogo entre os funcionários, pais e alunos, para que possamos auxiliá-los e ajuda-los a superar as dificuldades.

Falo aqui sobre uma das minhas experiências no momento do estágio, mas proponho uma reflexão sobre a relação entre prática e teoria, não só dentro da escola, mas em qualquer instituição social. Sobre quanto nem sempre o que dizemos condizem com a nossa prática. Portanto, em todas as nossas experiências é necessário uma reflexão, sobre o que aprendemos e a forma como agimos. Esse com certeza, é o principal objetivo desse relato, o qual prefiro assim chamá-lo.

Raquel Dantas
Enviado por Raquel Dantas em 22/09/2012
Reeditado em 07/01/2013
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