A CULPA É NOSSA
Independente do tamanho da ferida, a culpa é nossa. Machucamos alguém sem saber ou sem intenção com alguma regularidade. Quer saber de uma coisa? A culpa é, infelizmente, nossa. Ou ao menos o é na maioria das vezes.
Claro que não falo de ferimentos superficiais, daqueles que aparecem e em uma semana estão curados. Falo daqueles “profundos”. Aqueles que podem ser pequenos cortes ou gigantescos hematomas, do tipo que jazem na nossa (in)consciência.
Toda vez que causamos um mínimo de raiva em alguém ou a fazemos pensar (negativamente) em nós, estamos causando dor. E não é qualquer tipo de dor: é daquelas que duram muito tempo e podem causar a amputação da relação entre a vítima e o “causador” do “acidente”. Algumas vezes, há salvação. Um simples gesto pode resolver tudo. Em outros casos, demora-se algum tempo até que o paciente volte a caminhar normalmente. Tudo depende.
E sabe o que é o pior? Nós insistimos em apontar que a culpa é dos outros, independente do papel interpretado. Fazemos algo indesejável e ora somos protagonistas de situações embaraçosas, ora somos incautos e desagradáveis semeadores de um ódio fraternal e dissimulado.
Nunca admitimos nossa culpabilidade, algo justificável até certo ponto. Se não nos defendemos de nós mesmos, quem nos defenderá? Ainda assim, é inadmissível deixarmos fluir essa hipocrisia sem tamanho sem, pelo menos, admitirmos a existência dela. Só a conhecendo que poderemos parar para pensar antes de agir, algo muito mais prático e verdadeiro do que a meditação acerca do fato após sua realização. Um divertido e amigável tapa nas costas pode se tornar um humilhante tapa na cara, então é bom que saibamos distinguir aonde iremos colocar as mãos.
Somos culpados, sim. Somos criminosos, culpados por crimes contra tudo e contra todos e, apesar disso, somos livres e inocentes perante um corrupto autojulgamento que favorece apenas o nosso lado.
Declaro todos inocentes.