FERNANDINHO BEIRA-MAR E O TURISMO DE PRADO
FERNANDINHO BEIRA–MAR e O TURÍSMO DE PRADO
Dona Rosita certo dia me perguntou:
- Meu filho, por que ninguém quer receber esse senhor, o Fernandinho Beira-Mar, ele me parece um homem tão bom, tão distinto?
Eu a olhei com ternura, não só pela avançada idade bem como por não escutar direito, devido a uma estúpida bomba que estourou dentro da sua casa quando da procissão no dia da padroeira da cidade – por que o dinheiro gasto com fogos não é convertido em comida e distribuída aos pobres? – e fiquei meditando:
“Por que não convidar o Senhor Fernandinho Beira-Mar para se “hospedar” no Prado?”
Imediatamente entrei em contato com a companhia telefônica e solicitei o 0800 do escritório central do referido senhor, em Bangu l. De posse do número telefônico, liguei para o Senhor Fernandinho e depois de aguardar 10 minutos na linha, pois segundo a telefonista ele estava conversando com o presidente eleito de Brasíndia, fui atendido pelo próprio. Conver-samos por quase uma hora e decorri das vantagens de se mudar para a Cidade de Prado. Explicitei sobre o clima da região, das belezas naturais, do povo ordeiro e festeiro, da segurança e principalmente do belo trabalho que o nosso Digníssimo Prefeito Little Wilson está desenvolvendo. O Senhor Fernandinho ficou eufórico com a proposta. Disse que concordava em se
mudar de cidade, visto que o Rio de Janeiro estava insuportavelmente violento, que tinha receio de ser seqüestrado e que a distância não era empecilho para tocar seus negócios, porque poderia comandá-los pelo celular. Só fez uma exigência: que sua residência teria de ser ampla, confortável e com três suítes extras. Uma para seu secretário Chapolim e as outras para quando seus amicíssimos Diego Maradona e Elias Maluco viessem visitá-lo. Ao final do telefonema, nos despedimos cordialmente e prometi mantê-lo informado sobre sua transferência.
Como não tenho competência administrativa e jurídica para alavancar a transferência do Senhor Fernandinho, por que o Prefeito Little Wilson não toma à frente desse grandioso empreendimento? Humildemente sugiro demolir o mausoléu da antiga prefeitura e mudar o contíguo e malfadado banco para Pauroncado - nenhuma falta nos fará, pois quando as caixas-eletrônicas não estão quebradas, só emitem notas de um real - e no local construir uma redoma de vidro e hospedar nosso ilustre visitante. Sugiro ainda, fazer uma passarela permeando a redoma e cobrar entrada dos turistas para verem nosso hóspede no seu dia-a-dia. Outra sugestão, Digníssimo Prefeito Lit-tle Wilson, seria colocar várias câmeras de televisão em todos os cômodos da redoma e fazer um “reality show”, cujos direitos seriam vendidos para as TVs do Brasil e do mundo. Já imaginou quanto o Prado iria arrecadar em reais e em dólares? Já imaginou a quantidade de turistas que afluiriam à nossa cidade?
Já pensou em quantas obras faraônicas o senhor poderia fazer e conseqüentemente elevar seu nome aos píncaros? Já pensou... quantas bandas famosas o senhor poderia trazer para o nosso carnaval? Já pensou... como o senhor poderia incrementar o nosso fol-clore que anda num miserê de dar dó? Já pensou... como o senhor poderia construir uma indústria na cidade e dar emprego para a população que sobrevive de vales disso e daquilo?
Minha última sugestão, Caro Prefeito, seria a construção de uma nova ponte sobre o Rio Jucuruçu. Tenho certeza que, com a montanha de dinheiro que será arrecadado com a visita dos turistas e os direitos sobre o “reality show”, o senhor poderá construir uma ponte suspensa por cabos de aço igual a Ponte Golden Gate de São Francisco. Já imaginou... o senhor ao lado do governador e do Presidente da Repú-blica descerrando a placa inaugurativa com os dize-res: Ponte Golden Prado – Inaugurada no governo Lit-tle Wilson!?
EM TEMPO – Fernandinho Beira-Mar ainda fez mais uma exigência: 60 dias de férias em junho e julho na Ilha da Alegria e 60 dias de férias em dezembro e janeiro para visitar Maradona na Argentina e suas fa-zendas de guaraná na Colômbia.
Jornal de Prado - 30.10.2002