Papo-cabeça, num salão de beleza.

Antes de começar, a cabeleireira, ao telefone:

- Oi, amor... QUE É CARA? ...sim... sei...

Aí começa a cortar e fala comigo:

- Esse cara é doido (talvez o marido dela) tá ligando pra mim lá de fora.

Ela olha para o neto dela, que está usando o computador, e diz:

- Acho que esse menino passa muito tempo digitando... ele vai ficar com aquela doença... como é que chama? LED?

- É L.E.R. - respondo.

- E você trabalha?

- Sim.

- Quantos anos você tem?

- 24.

- É mesmo? - fica espantada - Pois diz aí que eu te dava uns 18... 16 anos! E completa: Êeee... tá velho, heim?

- É... tô ficando...

- E você faz o que?

- Sou professor de Português.

- Humm... e você trabalha onde?

- No Ari de Sá.

- Humm...no Ari de Sá... você é quente, heim? E cortava o cabelo onde?

- Num salão na Aldeota. A pessoa com quem estava acostumado a cortar saiu, aí decidi procurar outro lugar, pelo bairro mesmo.

- É. Eu também só cortava com uma amiga minha que trabalha lá. O corte era 60, mas aquela égua deixava muita ponta... ahh... quer saber de uma coisa? Corto mais lá não.

E emenda:

- Tem gente que há anos só corta comigo e ficam me esperando quando eu viajo. Essa gente, em vez de me esperar, deveria cortar com outros!

Silêncio. Aí ela puxa conversa:

- Sabe, tu acredita que sou formada em Filosofia? Mas acabei indo trabalhar com a beleza, pois não me dei bem com a educação. Mas hoje eu dou cursos de cabeleireiro. De filósofo só sobrou a loucura (risos).

Fico mais tempo rindo, achando essa história muito doida.

Ao terminar o serviço, ela diz:

- Ahhh... tá bonito esse corte! Combina com você. Acho que dá pra enganar, né? Pois, desculpa aí as doidices!

- Que é isso, é normal...

- Normal, é? - fica rindo.

- O corte é quanto?

- 10.

Dou duas notas de 5.

- Pois volte sempre!

Saio, mais impressionado com a bizarrice do momento do que pelo resultado do corte.

Caio Márcio Rocha Coriolano
Enviado por Caio Márcio Rocha Coriolano em 04/09/2012
Código do texto: T3865773
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