Um dia em Porto Alegre
O dia começa de forma diferente dos dias normais. Todas as manhãs acordo às seis horas, aquela sexta-feira prometia ser atípica. Outros planos, outro dia, mas, os alunos estavam lá, aproximadamente sessenta, às cinco horas da manhã. Ansiosos, sonolentos, inquietos, alunos. Prancheta em mãos, a conferência foi feita, todos presentes. Cada um trazendo junto às mochilas cheias de comidas tipicamente adolescentes, suas expectativas, suas vontades, suas curiosidades. Saímos pontualmente às cinco e trinta horas da manhã, dois ônibus, duas professoras, umas seis dezenas de alunos, rumo a Porto Alegre.
Seguimos pela estrada, chovia, o tempo estimado de chegada à capital do Rio Grande do Sul, dez horas da manhã. Uma parada estratégica para que os alunos esticassem as pernas e comessem algo. Diga-se, sempre, que, os adolescentes, comem, e muito, durante essas viagens.
De volta à rodovia, o motorista não sabia exatamente como chegar ao destino, sabia que deveríamos estar na PUC às dez horas, conforme agendamento, mas, desafortunadamente, não sabia a direção certa. Pára o ônibus, pede informação, com certa resistência, comum aos homens, porém, sem ter outra alternativa, o faz.
Direção ordenada, caminho encontrado, alunos mais calmos. Olhos atentos. Avistaram o museu, corações mais tranquilos, chegamos ao destino. A chuva aperta, o ônibus fica longe. Corremos. Andamos. Fugimos da chuva, que não nos deu trégua. A entrada.
Uma visita curiosa, instigante. Os alunos precisam de concentração, pois, a partir do que virem, terão que transformar em um trabalho, interessante, útil e sustentável para a feira de ciências do colégio. Uma viagem, um passeio, um trabalho.
Tudo pronto, passeio completo, ideias borbulhando. Cabeças que questionam, que perguntam, que fomentam. Sentimentos, experiências. Retorno. De volta à chuva, chegada ao ônibus, dúvidas: o que comer, onde comer? De fato, não há nada mais preocupante para um adolescente do que a possibilidade de ficar mais de vinte minutos sem comer. Isso que você ouviu, vinte minutos, para eles, mais que isso, já é considerado abstinência total de alimentação.
Voltando. À distância parece aumentar, devido ao cansaço, ao sono, e acreditem, à fome. Um dia inteiro junto a essa moçada, é adrelina pura, com eles, somos capazes de entender o quanto todo momento, todo sentimento, toda vontade pode ser imensurável. Portanto, uma simples viagem de estudos, pode ser um grande aprendizado, uma experiência ímpar, não apenas para eles, mas infinitamente para nós, professores. Mas, mais que isso, minutos junto deles nos trazem energia suficiente para recarregar nossa bateria por tempo indeterminado.
Lucilene Zacouteguy Gazapina Espíndola
2011