Zé
Zé, brasileiro, trabalhador. Nosso país é formado por vários “Zés”: o Zé da padaria, o Zé do botequim, o Zé do roçado e até mesmo Zé do Caixão. Quem sempre sofre nessa terra tem nome de José, encurtando, Zé. Até a sua mulher não escapa, com o rebanhozinho na barra da saia para cuidar e que se chama Maria José.
O Zé, porém, está em extinção. O povo não quer ser mais Zé, porque Zé agora é nome de pobre. No lugar de batizar os filhos de Zé, estão preferindo agora é por nomes como de Wandercreisson da Silva ou Jhonisvaldo da Silva. O Zé agora virou o Zé-goiaba, Zé-ruela ou, até mesmo, Zé-mela-cueca, assim como a Maria, que virou Maria-carteira, Maria-oxigenada, Maria-chuteira, Maria-Hilux.
Antigamente era muito trabalhoso dizer: “José, venha aqui!” ou “José, vai acolá!”, daí ficou somente: “Zé, rên qui!” ou “Zé, rái lá!”. Mas a moda de agora é ter um nome único e original como Linoswadington, que tal? E também não haverá mais “pobrema” quando o sujeito atender o telefone comunitário e tiver que trazer o Zé que é filho do seu Zé, marido da Maria Zé. É só chamar o Whashington Peter!
O povo faz “bunito” querendo imitar o que tem no exterior, deixando de ser um simples Zezinho para ser o único e original Wandergleidson. Nem imagina que, na verdade, está sendo mesmo é o Zé-goiaba ou o Zé-qualquer-coisa que tanto foge ser.