História que se viu: no ônibus.

Exatamente quando o ponteiro marcou sete da manhã, o ônibus partiu, depois de mais de 150 passageiros se espremerem para a porta fechar. O que ainda não se imaginava era o que iria acontecer. Cada pessoa na condução exibia um esboço de indignação que nunca era passado a limpo. Todo dia era a mesma coisa. Todo dia era dia de calar e de engolir o cansaço junto com o suor do corpo causado pela massa de pessoas que esquentava a mais de 40 graus.

O ônibus fez uma curva

E outra

E outra

Em uma das curvas, um rapaz logo perdeu o seu lugar no chão. Não havia mais onde pisar. Os pés dos outros passageiros tomaram o espaço dos seus. E, assim, ele ficou erguendo o próprio corpo ao se segurar nos ferros que mal tinham espaço para suas mãos.

O rapaz foi espremido. A mochila dele pesava. Além do peso do corpo, ainda tinha que erguê-la. Alguns passageiros riam da situação do rapaz. Outros reclamavam dos transportes públicos. E outros tantos teciam comentário engraçados que faziam o moço rir e mal conseguir se erguer.

- Ele tá ficando vermelho!!!!!!

- Ele vai morrer!!!!!

- Ele vai ter uma hérnia de disco!!!!!

- Desse engodo aí vai sair menino!!!!!

Quando o ônibus esvaziou um pouco. O rapaz colocou os pés no chão e falou bem alto:

- Que alíiivio!!!

As vaias foram tantas que foi impossível não lembrar em que estado brasileiro estávamos.

Depois de o ônibus ter ficado mais vago, ele finalmente conseguiu sentar. Logo após se acomodar, falou:

- Poderia ser pior. Mas não! Eu não morri! Fiquei vermelho???? Que bom! Pior era se eu tivesse cagado nas calças de tanto fazer força. Hérnia de disco???? Conserta-se! Ainda pego uma licença saúde e passo alguns dias sem pegar ônibus. Se saiu menino???? Impossível! Se eu fosse mulher, com certeza. Senti um negócio duro atrás de mim????? Senti!!! Mas não entrou. Então, vou reclamar de quê?

Todos os passageiros riram. Aquilo fez o dia de cada um muito melhor.

Encontramos uma grande lição de vida em pequenos fatos do cotidiano.

A vida ser sempre boa depende dos olhos de quem a vê!

Caio Márcio Rocha Coriolano
Enviado por Caio Márcio Rocha Coriolano em 30/08/2012
Reeditado em 31/08/2012
Código do texto: T3857253
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