informalidade
há uma lasca de informalidade em cada canto do nosso pensamento é muito bom às vezes viver a informalidade quando convém quando o sapato aperta quando o nó da gravata sufoca há informalidade na língua no uso da língua no mexer da língua para pronunciar algo ou para fazer alguém calar ou para fazer alguém falar não falar necessariamente apertar uma parte do corpo do outro para expressar algo ou para dar uma resposta é cair na informalidade necessária a linguagem corporal agradece nem tudo o que é precisa ser falado
informal normal diria a formalidade vicia restringe nos faz dormir vestidos nos faz sentir as linguagens do outro envergonhados de nós mesmos feliz daquele que sabe ser correto mesmo na informalidade e que sabe da necessidade de momentos formais de relacionamentos formais nos trilhos é preciso
um viva pros sentimentos e sensações humanas pro olhar indeciso pro cardápio pra tentativa de beber algo diferente pro irresistível apontar de dedo pra caipirinha de sempre que viva também as caipirinhas
que sejam exaltados os processos internos voluntários ou não a mão no bolso quando não se sabe o que fazer com os braços o passar de mão nas coxas o bater das portas quando nos batemos nelas porque trememos as pernas o olhar pela janela de vidro a saudade a saudade a saudade saudável aquela que não conseguiu ser contida
informal ou não o amor se faz presente em uma lasca de cada canto do nosso pensamento aquela coisa louca absurdamente desentendida por muitos se faz presente em cada parte do corpo nos dedos compridos nos sinais na boca na boca na boca no uso da língua e daí percorre tudo vai às mãos aos pés ao peito à rede ao vinho
o amor se derrama em vinho
as pernas ainda se encontram
não mais na informalidade de por baixo de mesas
elas se encontram sim
e são elas que me fazem caminhar pra longe do medo e pra perto de algo que deve existir porque simplesmente já existe.
existência
sem aperto sem sufoco