Acidental

O estrondo da batida. A colisão de um automóvel na traseira de um caminhão. Os vizinhos saem, acostumados com os constantes acidentes em um trecho de excesso de imprudência e precária sinalização. Desta vez, algo simples. Nem se percebia um arranhão sequer nos veículos envolvidos. O motorista do caminhão salta e inicia a discussão com o homem solitário do carro. No bate-boca, aparecem três filhos do caminhoneiro, que descem da boléia. Os homens perdem as estribeiras, trocam socos. A multidão se aglomera em volta da confusão. Nisso, o condutor do carro de passeio saca um revólver, espalhando o povo. O caminhoneiro em uma manobra ágil, salta sobre o oponente, fazendo com que ambos rolassem para dentro de um córrego próximo ao incidente.

A arma, perdida nas águas fétidas. Enquanto ambos escalavam as paredes. As crianças se refugiaram na casa de um dos moradores próximos ao local da batida, assim como a vizinhança, todos com receio de bala perdida. O caminhoneiro, não se fazendo de rogado, entrou na boléia e se armou com um cutelo, indo com disposição para cima do oponente, se negando a atender as súplicas dos filhos, que grudavam em suas pernas. Ao chegar próximo ao veículo do homem que enfrentara, fora alvejado. O motorista, pegoara embaixo do banco do carona, outra arma, agora uma pistola. Disparando contra o ombro do caminhoneiro, que tombou, caindo sentado, escorado junto à murada do córrego. As crianças chorando ao redor do pai baleado, as pessoas escondidas com olhos curiosos. O atirador, fugira em seu automóvel a toda velocidade.

O resgate e a polícia, estavam a caminho. Alguns rapazes do bairro vasculhavam o córrego antes da perícia, para adquirirem o revólver perdido. A vizinhança comentava o fato, assustada, lamentando a tragédia ocorrida por tão pouco. Um esbarrão insignificante, que nem danificara os veículos. Especularam sobre o pistoleiro ser policial, que o caminhoneiro também não deveria ter partido para agressão e muito menos se armado de cutelo. A história rendeu notícias que se espalharam pela cidade, que relatava o caso como no mínimo, pitoresco.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 16/08/2012
Código do texto: T3833213
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