Brasil em Barcelona
(Jornal Folha do Sudoeste, seção Carta do Leitor, Jataí, 10-09-2002)
Brasil três medalhas – duas de ouro e uma de bronze – nos XXV Jogos Olímpicos de Barcelona. É muito pouco para um grande país, uma grande nação. É uma vergonha nacional. Mas de quem é a culpa? Ainda saímos gloriosos, fazendo festas, cantando louvores e elegendo nossos atletas ídolos. E não era para menos, não somos acostumados a tais medalhas.
Países pequenos, quase insignificantes, como Cuba, ganharam muito mais medalhas que o Brasil. Além do incentivo que seus atletas recebem, é uma prova que são bem tratados (alimentados); são altos, são fortes. Também o esporte acaba com a violência; é saúde, é vida, ajuda no desenvolvimento do corpo e da mente.
A culpa desse nosso fracasso nas olimpíadas se deve aos nossos dirigentes políticos que não promovem o esporte, que só pensam em corrupção, em beneficiar a si próprios. Esse governo que se acreditava ser sério, até que se prove o contrário, está envolvido no escândalo PC Farias. Fala-se em impeachment contra o Presidente da República.
O esporte amador e profissional sofre as consequências de um país desajustado politicamente. A situação não poderia ser pior – não há incentivo, não há organização, há exploração de parte dos cartolas, etc. Um verdadeiro mundo de mercenários, onde se fabricam nomes. Nossa seleção de futebol é vítima, vem nos causando decepção há mais de vinte anos. Alguns atletas que sobrevivem (indo para o exterior) são tidos como heróis.
Mas, há uma luz no fundo do túnel: nossa seleção de vôley fez bonito em Barcelona, ao ganhar medalha de ouro, invicta, com uma campanha inédita, uma proesa que vai ficar na história. É um exemplo de força e de humildade que deve ser seguido. Essa seleção que começou de baixo, mudando todo um esquema, dispensando velhos jogadores, fazendo uso da prata da casa.