26- CRONICANDO: A Besta Fera

A Besta Fera

Na década de 40 aconteceu um fenômeno sobrenatural na cidade de Itaporanga, alto sertão paraibano. Quem me contou foi meu avô, seu Antonino Pedro.

Na época, a cidadezinha vivia um mar de calmaria. Porém, só bastou um amanhecer, após uma noite de lua cheia, que o tormento se apoderou da cidade, de uma forma nunca antes vista. Como ainda se diz por lá, a cidade adormeceu com Nossa Senhora e acordou com o Capeta. Não houve sessão na câmara e nem missa das 6:00. As budegas não abriram e o colégio permaneceu fechado. Literalmente foi o dia em que o sertão parou, parodiano Raul Seixas.

Na praça da cidade estava alojado algo que ninguém sabia explicar o que era. As velhinhas faziam o sinal da cruz e clamavam pelas Chagas de Cristo. Um senhor estudioso da região disse o que era: "Uma nave dos ET". Mas o padre, homem conhecedor da lei de Deus e dos homens deu a sentença final: "Irmãos, isto é a besta fera." Pronto, estava formado o maior tumulto da história do sertão paraibano. Tal qual o fim do mundo, os moradores se reuniram para travarem a última batalha do apocalipse: A Cidade contra a Besta.

Se armaram de pau, pedra, foice, espingarda soca-soca, baleadeira e outros armamentos nada periculosos para tal guerra.

Logo às primeiras pedradas o bicho se acordou. Abriu os olhos resplandecentes como de fogo e começou a rugir. "Rugia como leão faminto," falou um dos guerreiros. Mas a população não se intimidou. Ai foi que o bicho ficou muito macho e esboçou um ataque, começou a colocar fogo pelas ventas e a ciscar. Mas não foi longe.

Foi uns dois minutos de aperreio até o bicho abre a bocarra e vomitar um filho de Deus de dentro das suas entranhas, igualzinhol a baleia fez com Jonas. O homem saiu desesperado. Gritava feito um louco. Nesse instante, alguém acertou bem na jugular do animal e foi um sangue fedorento, que mais parecia mijo de burro, para todo lado. Por fim a criatura foi morta. VIVA!!!!

Quanto ao homem que fora salvo... Ele estava gritando, em vão, para que a multidão parasse e gritava coisas sem nexo : Ai meu Deus, destruiram o meu Ford.

George Itaporanga
Enviado por George Itaporanga em 11/07/2012
Reeditado em 24/11/2022
Código do texto: T3773127
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